Acabou o amor

Musk x Trump: crise abala negócios do bilionário

Elon Musk, o homem mais rico do mundo, rompe com Trump, ataca republicanos e vê ações da Tesla caírem 7%. Crise expõe limites de sua influência política nos EUA

Pedido de desculpas de Musk foi feito na rede social X (Foto: Reprodução/Casa Branca)
Pedido de desculpas de Musk foi feito na rede social X (Foto: Reprodução/Casa Branca)

O bilionário Elon Musk retornou ao centro das atenções em Washington após uma tentativa frustrada de barrar o pacote econômico promovido pelo presidente Donald Trump. O episódio marcou mais um episódio na conturbada relação entre os dois e expôs os limites da influência política que Musk havia conquistado nos últimos meses junto ao governo norte-americano.

Nas últimas semanas, o CEO da Tesla e da SpaceX intensificou as críticas ao governo e ao Partido Republicano, chamando a legenda de “Partido do Gaguinho” (em referência ao personagem dos Looney Tunes) e defendendo a criação de um novo partido “que realmente se importe com o povo”. As declarações foram feitas na plataforma X, da qual Musk é proprietário, e ocorreram às vésperas da votação do projeto de Trump, aprovado com apoio majoritário no Congresso.

Críticas públicas e reação de Trump:

Trump já se irritou com os comentários do empresário e sugeriu até mesmo a revogação da cidadania americana de Musk, que nasceu na África do Sul. Além disso, mencionou a possibilidade de cortar o apoio federal às empresas lideradas por ele.

Os efeitos foram sentidos também no mercado, com as ações da Tesla caindo 7% após as postagens e indicando uma preocupação de investidores com o impacto das disputas políticas sobre os negócios do bilionário. O momento coincidiu com a divulgação de dados negativos sobre a companhia: as entregas do segundo trimestre caíram quase 14% em relação ao ano anterior, marcando o segundo trimestre consecutivo de retração.

Musk “endoidou”?

O bilionário parece ainda digerir a derrota. Ele havia se posicionado como aliado de Trump ao investir cerca de US$300 milhões em campanhas e esforços pró-governo, mas viu seu apoio ser ignorado. Em postagens recentes, oscilou entre críticas contundentes e pedidos de desculpas ao presidente americano.

“Lamento alguns dos meus posts sobre o presidente @realDonaldTrump da semana passada. Exagerei”, escreveu no dia 11 de junho.

O comportamento explosivo de Musk tem levantado dúvidas sobre sua estratégia política. Em uma das publicações mais controversas, ele questionou os efeitos do projeto de Trump no equilíbrio fiscal dos EUA: “ Como vamos chegar a Marte se os Estados Unidos caminharem para a falência?”, ironizou, referindo-se ao aumento do teto da dívida pública em US$5 trilhões.

Influenciador digital, mas sem muita influência política

Apesar de contar com mais de 200 milhões de seguidores no X e exercer grande influência sobre seus fãs, Musk enfrenta dificuldades para transformar essa presença digital em capital político real. O bilionário tem usado a rede social para mobilizar apoio a suas ideias, criticar adversários e até posar com uma motosserra – recebida do presidente argentino, Javier Milei – e que também gerou críticas.

Confrontado por um usuário sobre a atitude, Musk respondeu com um raro sinal de autocrítica: “Ponto válido. Milei me deu a motosserra nos bastidores e eu fui na onda, mas, em retrospecto, faltou empatia.”