Mercado de carbono

Maioria do setor industrial quer acesso ao crédito verde

Pesquisa revela que empresários do setor industrial veem novo marco do mercado de carbono como oportunidade de investimento e inovação

Foto: Divulgação Redes Sociais
Foto: Divulgação Redes Sociais

Neste ano em que o Brasil realizará a COP30 (Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas), no mês de novembro, no Pará, quase dois terços dos empresários do setor industrial do país demonstram interesse em acessar linhas de crédito voltadas a ações sustentáveis.

Foi o que revelou estudo realizado pela Nexus com cerca de mil empresários, e divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta segunda-feira (7).

A pesquisa mostrou que uma maior parcela dos empresários do setor industrial brasileiro enxergam o novo marco legal do mercado de carbono como uma oportunidade de negócio e inovação.

A lei que passou a regular o mercado de créditos de carbono no Brasil foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 12 de dezembro do ano passado.

Após ter sido aprovada nas duas casas do Congresso Nacional, a nova lei estabeleceu a regulação da compra de créditos de preservação ambiental para compensar as emissões de gases poluentes.

Pelo novo regramento, as medidas de conservação e recuperação de vegetação nativa geram créditos, enquanto que as emissões gerarão débitos a serem compensados.

A nova lei ainda instituiu o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE), dividindo o mercado de crédito de carbono brasileiro em dois setores, o regulado e o voluntário.

Empresários do setor industrial desejam crédito

Realizada para apurar o interesse do setor industrial sobre o chamado crédito verde, a pesquisa constatou que 66% das indústrias demonstraram disposição de acessar essas linhas de financiamento.

O crédito verde é um tipo de financiamento destinado a projetos e iniciativas que promovem benefícios ambientais.

Esses créditos costumam oferecer condições especiais, como juros mais baixos ou prazos maiores, para estimular investimentos em atividades sustentáveis.

Segundo o estudo, entre os motivos que justificam o investimento em ações voltadas à sustentabilidade, a redução de custos aparece como o principal (32%).

Em segundo lugar aparece a preocupação dos empresários do setor industrial com o uso sustentável dos recursos naturais (31%).

Na sequência, despontam a necessidade de atendimento às demandas regulatórias (30%) e a reputação junto à sociedade e consumidores (22%).

Para 19%, o principal motivo para procurar o acesso ao crédito verde seria o aumento de competitividade, e outros 15% citaram o acesso a crédito especializado.

Na região Sudeste, a redução de custos foi o motivo mais citado pelos empresários consultados pela Nexus (34%).

Já nas regiões Sul e Nordeste, o motivo com maior quantidade de citações foi o uso sustentável de recursos naturais (35% e 33% respectivamente).

Para os empresários das regiões Norte/Centro-Oeste, o principal motivo para investimento em sustentabilidade foi o atendimento a exigências regulatórias (32%).

Pesquisa avaliou impactos na indústria

O questionário feito aos empresários também procurou saber a opinião a respeito de como seriam percebidos os impactos do mercado de carbono na indústria.

Para 44%, os impactos seriam positivos, como oportunidade de negócio ou inovação. Já para 33%, os impactos seriam negativos, por aumento de custos ou obrigações.

Em relação às regiões do país, a avaliação dos impactos do mercado de carbono seriam vistas de forma positiva principalmente na região Norte/Centro-Oeste (47%).

Do outro lado, foram os empresários do setor industrial da região Sul que mais citaram como negativos os impactos do mercado de carbono (38%).

Para a realização da pesquisa, a Nexus entrevistou, por telefone, executivos de 1.000 empresas industriais de pequeno, médio e grande portes, sendo 500 sócios/proprietários/executivos de indústrias pequenas e 500 sócios/proprietários/executivos de indústrias de médio e grande porte, em todas as regiões do país.

Dentro de cada região, a amostra foi controlada por porte das empresas (pequenas, médias e grandes), setor de atividade (CNAE). As entrevistas foram realizadas entre 15 de maio a 17 de junho de 2025.