Conflito fiscal

Haddad defende IOF: 'não podemos beneficiar poucos às custas de todos'

Ministro da Fazenda tenta manter aumento do IOF e critica distorções que favorecem grandes grupos; STF convocou audiência para resolver impasse com o Congresso

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad/ Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad/ Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta terça-feira (8) que sua equipe prepara dados técnicos para demonstrar ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), a importância de manter a alíquota elevada do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

“Vamos comprovar que estamos combatendo planejamento tributário, elisão e evasão fiscal. Atingimos patamares absurdos: são R$ 800 bilhões favorecendo determinados grupos em detrimento do empresariado nacional”, disse Haddad, em entrevista no Ministério da Fazenda.

A declaração ocorre após o STF suspender os efeitos do decreto presidencial que elevava o imposto, bem como da votação no Congresso que o revogava.

Diante do impasse, Moraes marcou uma audiência de conciliação para o dia 15 de julho.

A arrecadação com o IOF somou R$ 8 bilhões em junho, alta de R$ 2,1 bilhões frente a maio. Para Haddad, rejeitar a medida compromete o equilíbrio fiscal.

“A taxa de juros fica alta, prejudica o país inteiro. Qual o sentido de favorecer uns empresários e prejudicar todos?”, questionou.

Clima tenso com o Congresso

Apesar da tensão com o Legislativo, Haddad adotou tom conciliador ao comentar sua relação com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que liderou a articulação contra o decreto.

“Eu não tenho o direito de me afastar de um presidente da Câmara com quem tenho muitos amigos em comum. Quando um não quer, dois não brigam”, afirmou, em entrevista ao Metrópoles. Os dois devem se reunir nos próximos dias.

Já Motta tem reafirmado que o Congresso não aceitará aumentos de impostos e cobra corte de gastos como prioridade do governo.