Situação econômica

Galípolo prevê atingir meta da inflação só em 2026

Presidente do BC apontou atividade econômica aquecida com uma das principais causas

Gabriel Galípolo/ Foto: Lula Marques / Agência Brasil
Gabriel Galípolo/ Foto: Lula Marques / Agência Brasil

Em carta enviada nesta quinta-feira (10) ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o presidente do BC (Banco Central), Gabriel Galípolo, admitiu o descumprimento da meta de inflação por seis meses consecutivos e projetou que o alvo só deve voltar ao intervalo de tolerância no fim do primeiro trimestre de 2026.

“O Banco Central espera que a taxa de inflação acumulada em doze meses […] retorne aos limites estabelecidos no intervalo de tolerância a partir do final do primeiro trimestre de 2026”, diz a carta.

Meta inflacionária

A meta de inflação fixada pelo CMN (Comitê Monetário Nacional) é de 3% com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Ou seja, para considerar que o BC alcançou o alvo, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) não pode ser menor de 2,5% ou maior de 4,5% num intervalo de seis meses.

Nesta quinta-feira (10), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou o IPCA acumulado em doze meses que atingiu 5,35% em junho, acima do teto fixado pelo CMN.

Gabriel Galipolo apontou fatores como atividade econômica aquecida, expectativas desancoradas e inércia inflacionária como principais causas do estouro da meta.

“A atividade econômica surpreendeu positivamente, com crescimento do PIB acima do esperado e mercado de trabalho bastante aquecido, refletindo aumento do consumo das famílias e do investimento. As expectativas de inflação se desancoraram, especialmente, ao longo do segundo semestre de 2024”, diz o texto.

Entre os componentes que mais pressionaram os preços, o BC destacou a alta da gasolina, serviços, alimentos industrializados e vestuário.

A valorização do dólar frente ao real também teve impacto, elevando o custo de bens importados. “A taxa de câmbio apresentou valorização do dólar frente ao real, com impacto direto nos preços de bens importados e nas expectativas de inflação”, pontuou o presidente do BC.