Efeito dominó

Tarifaço já provoca prejuízos a carnes e pescados do Brasil

Tarifa dos EUA já impacta carnes, pescados e ovos brasileiros. Indústrias cancelam contratos e Minerva prevê queda de receita com sobretaxa.

Foto: Mierva Foods

O tarifaço sobre produtos brasileiros, que entrará em vigor em 1º de agosto, já afeta diretamente indústrias de carnes, pescados e ovos. Empresas brasileiras cancelaram contratos, interromperam embarques e começaram a revisar projeções de receita.

Ao mesmo tempo, companhias com operações nos Estados Unidos ganham vantagem competitiva.

Tarifaço derruba contratos e embarques de pescados

Indústrias brasileiras de pescado já sentem os impactos. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Pescado (Abipesca), diversas empresas suspenderam contratos e pararam de enviar contêineres.

“De ontem para hoje, ninguém dormiu. O setor ficou de pernas para o ar”, afirmou Jairo Gund, diretor-executivo da Abipesca.

Atualmente, os Estados Unidos representam 80% das exportações brasileiras de pescado, com receita anual de US$ 244 milhões. Como consequência da tarifa, indústrias correm o risco de fechar e deixar de comprar de milhares de pescadores artesanais.

Além disso, os embarques de peixes frescos devem parar nos próximos 20 dias. Já os contêineres de pescado congelado enfrentam incerteza, pois demoram até 40 dias para chegar aos EUA.

Minerva estima prejuízo com tarifaço

A Minerva Foods, maior exportadora de carne bovina da América do Sul, estimou queda de até 5% em sua receita. Apesar de operar em países como Argentina e Austrália, a companhia alertou que o impacto será sentido nas exportações brasileiras.

Durante o pregão de ontem, as ações da Minerva caíram mais de 9%, mas fecharam com recuo de 1,28%. Em resposta, a empresa divulgou um comunicado para acalmar investidores. A nota destacou que a diversificação geográfica deve suavizar os efeitos da tarifa.

Marfrig e JBS se beneficiam com operações nos EUA

Por outro lado, empresas com produção dentro dos Estados Unidos estão mais protegidas. A Marfrig, por exemplo, opera a National Beef e viu suas ações subirem 6,38% ontem. Já os BDRs da JBS subiram 2,57%.

Segundo analistas, essa vantagem logística garante competitividade. Afinal, exportar do Brasil com tarifa de 50% torna o produto inviável. De acordo com a consultoria Agrifatto, o custo da carne brasileira subiria de US$ 5.727 para US$ 8.590 por tonelada.

Exportações de ovos também estão ameaçadas

O mercado de ovos, que cresceu fortemente em 2025 com a gripe aviária nos EUA, também deve sofrer com a tarifa dos EUA. Só no primeiro semestre, o Brasil exportou 15,2 mil toneladas, o que representa um aumento de 1.247% em volume e 1.586% em receita.

A ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) demonstrou preocupação e informou que acompanha de perto as negociações com o governo americano.