Pressão comercial

Exportações da China disparam antes de novas tarifas

Exportadores antecipam embarques em meio à trégua tarifária com os EUA; avanço nas vendas à Ásia sustenta saldo recorde da balança

(Foto: Unsplash)
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A China registrou um superávit comercial recorde de aproximadamente US$ 586 bilhões no primeiro semestre de 2025, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (14) pela Administração Geral das Alfândegas.

As exportações cresceram 5,8% em junho na comparação anual, alcançando US$ 325 bilhões e superando as expectativas de alta de 5,0%.

Apesar do dado positivo, o cenário é de cautela. As vendas para os EUA despencaram 16,1% em junho em relação ao ano anterior, após um recuo ainda maior em maio, de mais de 34%.

Para compensar, os embarques para outros destinos aumentaram, destaque para os países da ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático), com alta de 17%.

Wang, vice-chefe da agência alfandegária, afirmou que o comércio da China resistiu à pressão e avançou no primeiro semestre.

“Mas enfrentamos um ambiente externo cada vez mais incerto, com avanço do unilateralismo e do protecionismo”, disse.

Empresas chinesas têm antecipado pedidos para aproveitar a atual trégua tarifária entre Pequim e Washington antes da retomada das sobretaxas em agosto.

Com a demanda interna ainda fraca e obstáculos crescentes no mercado americano, que responde por mais de US$ 400 bilhões em exportações chinesas por ano, os fabricantes buscam expandir sua presença em mercados alternativos.

Segundo Chim Lee, analista sênior da Economist Intelligence Unit, já há sinais de desaceleração nesse movimento de antecipação:

“As tarifas de frete dos embarques da China para os EUA começaram a cair, sugerindo que o pico de envios pode ter passado”.

As exportações de terras raras, insumo estratégico na indústria global, saltaram 32% em junho em relação ao mês anterior, indicando os primeiros efeitos de acordos recentes para liberar o comércio desses metais.

Para analistas, no entanto, o avanço das exportações tem fôlego limitado.

As novas tarifas americanas, que podem ultrapassar 35%, pressionam as margens de lucro das indústrias chinesas e dificultam a manutenção da competitividade apenas por meio da redução de preços.

“As tarifas devem continuar elevadas. Por isso, esperamos desaceleração no crescimento das exportações nos próximos trimestres, o que pode pesar sobre o PIB chinês”, avalia Zichun Huang, economista da Capital Economics.