O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) anunciou o financiamento de R$ 290,2 milhões para Be8 instalar, em Passo Fundo (RS), a primeira fábrica de glúten vital do Brasil, via Programa BNDES Mais Inovação. O insumo, extraído da farinha de trigo, é comumente usado na indústria alimentícia, farmacêutica e de higiene.
A planta ficará em uma área estratégica, próxima a municípios que concentram mais da metade do cultivo de trigo do Rio Grande do Sul, o maior produtor do cereal no país.
A fábrica terá capacidade para processar 525 mil toneladas de cereais por ano, incentivando culturas de inverno e gerando 29 empregos diretos e cerca de 500 indiretos.
O financiamento do BNDES está alinhado aos objetivos da NIB (Nova Indústria Brasil), política pública lançada pelo governo federal no ano passado com o objetivo de impulsionar o desenvolvimento da indústria nacional até 2033.
Baixa nas importações
Atualmente não há produção de glúten vital no Brasil, sendo todo o consumo interno suprido por meio de importação. A produção da nova planta da Be8 terá como principal destino a indústria alimentícia nacional, mas há previsão de atender também demandas de outros países da América do Sul, sobretudo o Chile.
De acordo com a Abitrigo (Associação Brasileira de Indústria de Trigo), somente no ano passado, o país demandou quase 22,1 mil toneladas, um acréscimo de 1,07% na comparação com 2023. Quatro países – Áustria, China, Bélgica e Alemanha – responderam por 66% de todo o glúten importado pelo Brasil. Na América do Sul, o único país com alguma produção é a Argentina.
Segundo o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, o projeto reduz a dependência externa e fortalece a indústria, alinhado à Nova Indústria Brasil. Para o presidente da Be8, Erasmo Battistella, a planta alia inovação, produção de alimentos e energia renovável, contribuindo para o desenvolvimento sustentável.
A nova unidade será implantada junto a uma biorrefinaria que está em construção desde o ano passado também com recursos do BNDES. Nela, a Be8 irá produzir etanol de cerais (trigo, triticale, milho, entre outros) destinado ao setor de combustíveis automotivos.
A integração das duas instalações permitirá a otimização de custos e ganhos operacionais. Além disso, a proximidade das operações permitirá o aproveitamento direto do farelo da moagem de glúten no processo de hidrólise e posterior fermentação para etanol.
Considerando as operações, a fabricante estima alcançar uma produção anual de 209 mil metros cúbicos de etanol anidro e 25,6 mil toneladas de glúten. A operação também irá gerar subprodutos. Anualmente, espera-se produzir 153 mil toneladas de farelo DDGS (grãos secos de destilaria), usados na ração animal.