Gargalos da organização tradicional

Gestão inteligente: entenda como as edfintechs estão transformando as finanças das escolas brasileiras

Novas tecnologias otimizam cobranças, aprimoram o relacionamento com as famílias e abrem caminho para a expansão das unidades de ensino privadas

Créditos: ismagilov/iStock
Créditos: ismagilov/iStock

Um dos pilares da economia do país, a educação privada contribui com cerca de R$ 126,5 bilhões ao Produto Interno Bruto (PIB), o equivalente a 1,65% do total, segundo o estudo “Números da Educação Privada”, da FENEP (Federação Nacional das Escolas Particulares). 

Mesmo com esse peso, por décadas funcionou com modelos administrativos tradicionais e pouco digitais, sobretudo no que diz respeito às finanças. Cobranças feitas manualmente, controle de inadimplência com planilhas e decisões baseadas mais em intuição do que em dados foram a realidade de muitas redes de ensino. 

O cenário, embora comum, impôs um custo alto: carga de gestão excessiva, pouco controle do fluxo de caixa e vulnerabilidade frente a crises econômicas. Nos últimos anos, o modelo passou a ser questionado.

Foi quando surgiu um novo elemento no ecossistema educacional: as edfintechs – startups que unem educação e tecnologia para profissionalizar a administração escolar. Elas não apenas modernizam a operação interna das instituições, como também redefinem seu posicionamento no mercado.

Os gargalos da organização tradicional

Até em escolas de médio porte, era recorrente encontrar processos feitos à mão para controle de mensalidades, baixa de pagamentos e ações de cobrança. A ausência de um sistema unificado dificultava o acompanhamento em tempo real das movimentações financeiras e tornava o planejamento estratégico frágil ou inexistente.

Outro ponto crítico era a comunicação com pais e responsáveis. Sem ferramentas de engajamento, os processos de cobrança muitas vezes geravam ruído no relacionamento com as famílias. Além disso, a incerteza na entrada de receitas causava um desafio constante para o cronograma do ano letivo.

A ascensão das edfintechs: eficiência com tecnologia

Impulsionadas pela busca por inovação, startups como a Isaac ganharam destaque no setor educacional. Com uma captação de R$ 640 milhões, a empresa passou a oferecer segurança na entrada de recursos às escolas privadas ao assumir a gestão de cobranças e garantir o controle sobre a movimentação de cada recurso.

As plataformas permitem o agendamento automático de pagamentos via Pix ou cartão, com réguas de cobrança inteligentes que se adaptam ao perfil de cada responsável. Mais que isso, possibilitam uma reformulação completa da gestão financeira escolar, centralizando informações de matrícula, faturamento, inadimplência e projeções em um único painel.

Impactos diretos na sustentabilidade do negócio

O resultado mais imediato da adoção destas tecnologias é a queda na inadimplência. Com notificações automáticas, múltiplas opções de pagamento e canais de negociação, as escolas conseguem recuperar receitas antes perdidas. Mas os benefícios vão além: fortalece o vínculo com as famílias, que passam a enxergar a instituição como mais transparente e moderna. 

A equipe administrativa ganha fôlego. Com menos tarefas no dia a dia, é possível direcionar esforços para ações mais estratégicas, como a retenção de alunos e a renovação das abordagens pedagógicas. Este movimento também contribui para a valorização no mercado, e instituições que demonstram controle financeiro fortalecem sua imagem para conquistar novas matrículas. 

O futuro da gestão educacional no Brasil

A chegada de tecnologia à rotina das escolas representa mais do que um salto na condução dos processos internos: trata-se de uma mudança de mentalidade. Ao encarar a gestão financeira escolar como um eixo importante do negócio, as redes de ensino abrem caminho para maior sustentabilidade, expansão e diferenciação.

O futuro da educação passa, inevitavelmente, pela digitalização. Mas essa transformação não se limita à sala de aula. Está nos bastidores, na forma como administram seus recursos, tomam decisões e se posicionam como empresas. E, neste sentido, as edfintechs têm um papel central: silenciosas, porém disruptivas, estão moldando uma nova era para a educação no país.