Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira (18), em entrevista à Reuters na sede do PL, que é o homem certo para renegociar as tarifas dos EUA, conter a influência chinesa e derrotar Lula. Informações via MoneyTimes.
O ex-presidente foi submetido a medidas restritivas na manhã de sexta após a Polícia Federal encontrar na sua residência e na sede do PL US$ 14 mil e R$ 8 mil em espécie; uma cópia da petição inicial da ação que a plataforma Rumble move contra Alexandre de Moraes e um pendrive. Elementos levantaram a suspeita de uma possível tentativa de fuga e Bolsonaro agora é obrigado a usar tornozeleira eletrônica e está proibido de usar redes sociais.
“Eles querem de vez me tirar do jogo político do ano que vem”, disse ele, referindo-se a uma eleição na qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está cotado para buscar um quarto mandato. “O Lula, sem mim, ganha a eleição de qualquer um.”
Mesmo após a proibição do STF de ter contato com autoridades estrangeiras, o ex-presidente reiterou que gostaria de se encontrar com o presidente dos EUA, Donald Trump, que impôs uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros na semana passada e exigiu o fim do processo de Bolsonaro, que é réu por tentativa de golpe de Estado.
Apesar de alguns aliados do presidente acreditarem que a tática de Trump em associar Bolsonaro às medidas econômicas seja falha, Jair Bolsonaro não questionou a postura do republicano.
“Eu jamais vou dar conselho ao Trump. Quem sou eu? Eu respeito”, disse Bolsonaro, sentado a uma mesa com dois volumes ao alcance: uma cópia da Constituição Brasileira e uma revista com Trump na capa. “É um país que é exemplo para nós e não nós, exemplo para eles.”
O ex-presidente também teceu reclamações sobre Alexandre de Moraes, ministro do STF responsável por impor as restrições à quais ele está submetido. Bolsonaro chamou Moraes de “ditador” e descreveu as últimas ordens judiciais como atos de “covardia”. “Suprema humilhação,” disse ele, quando perguntado como se sentia ao usar a tornozeleira eletrônica. “Tenho 70 anos, fui presidente da República por quatro anos.”
Bolsonaro também negou qualquer plano de deixar o país, mas disse que se encontraria com Trump se pudesse ter seu passaporte de volta, apreendido pela polícia no ano passado. Ele também disse que queria conversar com o principal diplomata dos EUA no Brasil para discutir a ameaça tarifária de Trump.
Donald Trump elogiou Bolsonaro diversas vezes, mas disse a jornalistas esta semana que ele “não é como um amigo”. Quando questionado sobre detalhes de seu relacionamento, o ex-capitão do Exército brasileiro começou a descrever o avanço dos interesses chineses na América Latina.
“A China vem tomando conta do Brasil. Muitos veem que, no Brasil, sou a pessoa que pode frear a China”, disse, acrescentando que isso seria possível desde que tivesse um país nuclear em seu apoio. “Que país é esse? O do Norte?”
Ele também falou que o bloco Brics de países em desenvolvimento, formado originalmente por Brasil, Rússia, Índia e China, havia se tornado “uma confraria de tudo que é ditadura e criminosos de guerra do mundo“.
Ao sediar a cúpula do Brics no Rio de Janeiro este mês, Lula comparou Trump a um “imperador” indesejado, provocando a ira do presidente dos EUA, que ameaçou aumentar as tarifas sobre o grupo por suas “políticas antiamericanas”.