Menos luxo

Tarifaço freia exportações suíças: impacto atinge relógios e remédios

Tarifa de 39% imposta por Trump ameaça exportações suíças. Relógios e medicamentos podem subir de preço, com setores reagindo pós pressão

Foto: Reprodução/Freepik
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Donald Trump anunciou uma tarifaço de 39% sobre as importações da Suíça, alterando significativamente o fluxo comercial entre os dois países. A medida, revelada durante o feriado nacional suíço, surpreendeu autoridades e empresários. 

Em 2023, os Estados Unidos absorveram 19% das exportações suíças, totalizando mais de US$ 60 bilhões. Como resultado, setores como relojoaria, farmacêutico e tecnologia agora enfrentam desafios imediatos.

Mercado reage com fortes perdas nas ações suíças pós tarifaço

O mercado financeiro suíço respondeu rapidamente ao anúncio. Na sexta-feira, o UBS Group AG, maior banco do país, registrou queda de 1,8% em suas ações. Além disso, a Logitech, fabricante de periféricos, caiu 3,5%. 

Ao mesmo tempo, os recibos de depósito da Richemont — dona da Cartier — recuaram 2,5%, enquanto a Watches of Switzerland despencou 6,8% na Bolsa de Londres. Como se não bastasse, a valorização do franco suíço frente ao dólar intensificou a perda de competitividade dos produtos suíços.

Indústria de relógios calcula aumentos no varejo americano

A indústria relojoeira suíça já começou a projetar os impactos. Segundo Oliver R. Müller, consultor do setor de luxo, marcas como Rolex, Omega e Patek Philippe podem repassar parte do custo aos consumidores. 

Por exemplo, um Rolex Submariner, hoje vendido por US$ 9.500, pode ficar até US$ 1.000 mais caro. Assim, os preços no varejo americano podem subir até 14%.

Setor farmacêutico também sofre pressão de Washington

Empresas como Novartis e Roche enfrentam um cenário duplamente desafiador. Além da nova tarifa, Trump enviou cartas a 17 farmacêuticas exigindo redução nos preços dos medicamentos. 

Embora analistas enxerguem uma possível negociação com os EUA nos moldes do acordo com a União Europeia, ainda assim, uma tarifa de 15% seguiria prejudicando as exportações suíças.