Investidores insatisfeitos

Construtora Prima renegocia R$ 142 mi por ativos

Mais de 72 mil cotistas esperavam receber juros — mas, em vez disso, foram surpreendidos com uma redução no valor das cotas

Hotel Fasano, em Salvador (Foto: reprodução)
Hotel Fasano, em Salvador (Foto: reprodução)

A construtora Prima Empreendimentos Inovadores, conhecida por atuar com projetos turísticos e residenciais de alto padrão no litoral da Bahia, entrou em reestruturação de dívida com o fundo imobiliário Urca Prime Renda (URPR11). A operação, que somava um saldo devedor de R$ 142,8 milhões, foi parcialmente quitada por meio de dação em pagamento de participações acionárias em empreendimentos da própria construtora.

A medida foi tomada após a Prima não conseguir cumprir os pagamentos acordados em debêntures remuneradas a IPCA + 17% ao ano.

Em vez de dinheiro, o fundo passou a deter participação direta em quatro ativos, incluindo o Hotel Fasano Salvador (30% do capital), o projeto Ponta de Inhambupe (30%) e o empreendimento residencial Anantara Imobiliário (25%).

Com isso, o URPR11 deixa de receber os juros mensais previstos e passa a depender da performance e eventuais dividendos futuros desses empreendimentos — o que adiciona risco e incerteza ao fluxo de caixa do fundo. A situação também inclui uma participação de 7,49% na própria Prima Empreendimentos, que agora tem o fundo como acionista.

Participações acionárias substituem pagamento em dinheiro

Segundo o relatório gerencial de maio, a equipe gestora afirma que a nova estrutura pode gerar retornos superiores no médio e longo prazo, mas admite que houve necessidade de aceitar ativos no lugar do pagamento da dívida.

Além disso, a Prima tem opção de recompra desses ativos, com correção mínima de IPCA + 17%, dentro de prazos previamente estipulados.

Apesar do discurso otimista, o mercado não reagiu bem à notícia. A cota de mercado do URPR11 caiu para R$ 48,70, acumulando uma desvalorização de mais de 50% em relação ao valor patrimonial do fundo (R$ 100,50). Já os dividendos mensais recuaram para R$ 0,45 por cota, o menor valor dos últimos 12 meses, segundo dados do próprio fundo.

Com cerca de 72 mil cotistas, o URPR11 é um fundo de recebíveis imobiliários com foco em CRIs de empreendimentos residenciais e loteamentos. A operação da Prima representa cerca de 11% da distribuição mínima de rendimentos do fundo, o que reforça o impacto da reestruturação no desempenho do ativo.