O pesquisador do ecossistema de blockchain na América Latina na Sherlock communications, Luiz Haddad, explicou, em entrevista dada ao BP Money durante o Blockchain.RIO 2025, que o cenário de inflação favorece a entrada de stablecoins nos países.
O especialista lançou recentemente o e-book “Blockchain Relatório Latam 2025” que mostra as principais novidades relacionadas a regulação e inserção do universo Web3 na América Latina.
No estudo de Haddad, o pesquisador notou uma correlação entre o aumento da inflação e o uso de stablecoins, ou até do bitcoin, como uma forma de manter o poder de compra.
“No estudo, eu chamo isso de ‘adoção por necessidade’. Exemplos de países com adoção por necessidade são Venezuela, Argentina e, mais recentemente, Bolívia, aqui na América Latina. No mundo, a gente tem Turquia e alguns países da África que também têm esse fenômeno de hiperinflação; então, as as populações se voltam para o mundo do cripto com uma alternativa para preservar o valor das suas economias” revelou o pesquisador.
Esse fenômeno influencia também no fato de que as stablecoins são os criptoativos mais utilizados da América Latina, pelo menos, desde 2022, disse Luíz Haddad.
O primeiro fator, e já citado, é devido à desvalorização das moedas por conta da inflação. O segundo fator é o número de remessas internacionais recebidas. “A gente tem países como o México, Colômbia, El Salvador, que recebem muitas remessas internacionais e stablecoins são ferramentas com que a gente consegue fazer esse tipo de transferência com uma taxa muito menor.
Regulação e mudança de hábitos
Luíz Haddad, assim como outros entrevistados pelo BP Money durante o Blockchain.RIO 2025, defendeu a regulação como um fator importante para que, nesse caso, as stablecoins tenham mais aderência entre a população.
“A gente tem no Chile a primeira regulação na América Latina, trazendo clareza para o uso de stablecoins; e eu acredito que, para a gente aumentar o uso de stablecoins, a gente precisa de clareza regulatória. Tenho visto a regulação nos Estados Unidos trazendo uma influência na América Latina”
“Eu acredito que, em breve, a gente vai ver uma regulação de stablecoins não só no Chile, mas também em outros países da América Latina, e com isso a gente vai ter o uso de stablecoin em coisas como o comércio internacional. Hoje, quem exporta, por exemplo, um exportador brasileiro, paga um spread cambial – que é a diferença do valor da taxa do dólar – e isso pode significar uma economia para esse exportador brasileiro se ele fizer a transação dele em stablecoin, por exemplo”, analisou Luíz Haddad.
“Blockchain Relatório Latam 2025”
O e-book “Blockchain Relatório Latam 2025” é um estudo com 11 principais países da América Latina, com base na Chain Analysis, utilizando a análise de dados on chain.
Durante cerca de seis meses foram observadas, através da plataforma Dune as principais transações, tagueadas, do grupo e registradas as principais blockchains em atividade na América Latina.
“A Ethereum é a principal blockchain em termos de atividade. Depois vem a Polygon, depois vem a Base. Antes que perguntem, a Solana não foi incluída no estudo porque não tinha dados da Solana nessa plataforma chamada Dune”, revelou Luíz Haddad.
Foram recolhidos os principais dados de adoção – quantas pessoas utilizam cripto, percentual da população -, os dados da inflação e principais eventos que possam levar a entender o ecossistema naquele país.
“Então, eventualmente ,um grande banco começou a aceitar cripto, uma corretora abriu uma filial, teve uma grande transação, uma startup está conseguindo ter uma escala em determinado projeto. A gente tenta olhar para esses casos de uso e como que blockchain que está impactando a vida das pessoas na América Latina e depois a gente faz uma análise breve da regulação, trazendo se teve alguma atualização, se tem algo de novo que é importante a gente estar informado” explicou o pesquisador.
O “Blockchain Relatório Latam 2025” traça os principais pontos para as pessoas que queiram adentrar o universo no Brasil e na América Latina e que desejam conhecer um pouco mais.