Criptomoedas de bitcoin (Shutter Speed/Pixabay)
Criptomoedas de bitcoin (Shutter Speed/Pixabay)

Em meio à crescente adoção de ativos digitais por brasileiros que buscam proteger seu poder de compra, a regulação de stablecoins deve se tornar um dos próximos focos das autoridades da América Latina. 

A avaliação é de Isabel Sica Longhi, diretora de Políticas Públicas e Regulatório da Ripple para a região.

Segundo ela, a demanda por criptomoedas atreladas a moedas fortes, como o dólar digital, reflete não só a digitalização financeira, mas também um movimento pragmático de defesa contra a inflação.

“Os casos de uso estão aparecendo. E muitos deles têm a ver com proteção patrimonial, especialmente em países como na Argentina, onde a inflação ainda impacta o dia a dia das pessoas”, afirmou Isabel durante o evento Blockchain Rio, realizado nesta semana.

A executiva destaca que o avanço regulatório tem ocorrido de forma simultânea em vários países da região, ainda que em estágios distintos. 

Argentina, Brasil e Colômbia, por exemplo, vêm conduzindo projetos-piloto e sandboxes para testar soluções com stablecoins e ativos tokenizados.

No Brasil, o BC (Banco Central) tem adotado uma abordagem de regulação proporcional ao risco, algo que, segundo Isabel, favorece a inovação sem abrir mão da segurança.

“É fundamental que os setores de cripto sejam regulados de forma compatível com os do sistema financeiro tradicional.

Isso traz mais confiança para o mercado e ajuda a consolidar o uso de tecnologias como o blockchain e as moedas digitais de forma segura e inclusiva”, disse.

Ela avalia que a integração entre as finanças tradicionais e a infraestrutura digital passa por garantir interoperabilidade, compliance e um entendimento mais profundo sobre os riscos e benefícios de cada inovação, o que demanda diálogo constante entre empresas, reguladores e sociedade.

Papel dos eventos

Para a diretora da Ripple, encontros como o Blockchain Rio têm papel central nesse processo.

“Foi uma oportunidade tanto para os reguladores anteciparem o que estão pensando quanto para ouvirem as reações do setor. E também para entenderem melhor os casos de uso que já estão em operação”, afirmou.

Segundo Isabel, a ampla participação de bancos, exchanges e empresas de infraestrutura no evento mostra que a indústria já se organiza de forma madura em torno da pauta regulatória, o que deve acelerar os próximos avanços, especialmente na definição de regras para stablecoins e tokens nativos emitidos diretamente no blockchain.

“Estamos no caminho certo na América Latina. Agora, o desafio é detalhar regulações que hoje ainda são muito amplas, para que tenhamos regras claras sobre emissão, uso e interoperabilidade dos ativos digitais”, concluiu.