Estudo publicado

Sanções são associadas a mais de 560 mil mortes por ano

Crianças de até cinco anos são as mais afetadas pelas sanções financeiras, diz pesquisa.

(Foto: Hermes Rivera/Unplash)
(Foto: Hermes Rivera/Unplash)

As sanções econômicas internacionais estão associadas a cerca de 564 mil mortes adicionais por ano, disse um estudo publicado na The Lancet Global Health. O aumento significativo na mortalidade foi observado principalmente em crianças menores de cinco anos.

Com autoria de Francisco Rodríguez, Silvio Rendón e Mark Weisbrot, a pesquisa analisou dados de 152 países entre 1971 e 2021. Informações via Veja Negócios.

De acordo com a pesquisa, as sanções unilaterais, principalmente as impostas pelos EUA, têm um impacto muito mais “destrutivo” do que as aplicadas no âmbito da ONU. Estima-se que, na última década, o número de mortes associadas às sanções seja comparável ao total global de óbitos civis e militares em conflitos armados no mesmo período.

Os efeitos foram observados em todas as faixas etárias de maneira variada. Entre crianças menores de cinco anos, a mortalidade aumenta, em média, 8,4 pontos logarítmicos. Já entre os adultos de 60 a 80 anos, o aumento é de 2,4 pontos.

As sanções econômicas e unilaterais também foram associadas a piora das condições de saúde pública, sem evidências de que as sanções da ONU tenham gerado o mesmo efeito de maneira estatisticamente relevante.

A conclusão a que os autores chegam é de que, apesar de serem apresentadas como alternativas pacíficas a conflitos armados, as sanções funcionam como um “instrumento econômico de destruição em massa”, com efeitos comparáveis aos da guerra, e defendem a revisão do seu uso e desenho.

Os pesquisadores citam casos que comprovam os resultados observados. No Irã, por exemplo, o bloqueio à importação de medicamentos após as sanções de 2018 dificultou o tratamento de pacientes com talassemia, uma doença genética do sangue, elevando o número de mortes anuais.

Em países como Venezuela e Síria, organizações humanitárias relataram restrições bancárias e dificuldades para receber doações, inclusive durante emergências emergências como o terremoto sírio de 2023.