Medida contra tarifaço

Plano de contingência aposta em acordos com Canadá e Índia

Pacote que ajuda empresas e setores afetados pelo tarifaço americano prevê a ampliação de mercados para escoar a produção brasileira

Presidente Lula e o primeiro-ministro indiano Narendra Modi. Foto: Ricardo Stuckert/ PR
Presidente Lula e o primeiro-ministro indiano Narendra Modi. Foto: Ricardo Stuckert/ PR

O plano de contingência contra o tarifaço dos EUA prevê a ampliação e diversificação de mercados, com o intuito de minimizar a dependência das exportações brasileiras ao horizonte americano.

Entre as medidas consideradas pelo Brasil no eixo diplomático comercial e de multilateralismo, está o avanço nas negociações de acordos com os Emirados Árabes Unidos, Canadá, Índia e Vietnã.

As negociações com a União Europeia e com a EFTA (Associação Europeia de Livre Comércio) já estão concluídas.

Apesar do interesse nacional em ampliar os destinos das exportações brasileiras, o governo federal destacou que se mantém aberto ao diálogo com os EUA para negociar as tarifas de 50%.

“O Brasil mantém-se aberto ao diálogo construtivo com os EUA, buscando soluções negociadas que se restabeleçam condições justas e equilibradas para o comércio bilateral, em benefício de produtores, trabalhadores e consumidores dos dois países”, diz o Palácio do Planalto em nota.

No comunicado oficial, o Brasil também sinalizou que reforçou seu compromisso com o multilateralismo, através da sua atuação na OMC (Organização Mundial do Comércio).

Tarifaço: Governo lança pacote de R$ 30 bi para proteger exportadores

O governo federal anunciou nesta quarta-feira (13) um pacote emergencial de R$ 30 bilhões para enfrentar os impactos do tarifaço de 50% imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros.

A medida, apresentada no Palácio do Planalto, busca preservar empregos, garantir competitividade e ampliar mercados para setores atingidos pela taxação.

Tarifaço afeta empresas e acelera reação do governo

O pacote será formalizado por medida provisória e incluirá crédito com juros reduzidos, incentivo a ações judiciais nos EUA, compras governamentais e reforma estrutural no Fundo de Garantia à Exportação (FGE).

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o governo priorizará pequenas empresas e exportadores de alimentos perecíveis, como frutas e mel, além de fabricantes de máquinas.

Além disso, o plano estimulará a abertura de novos mercados e garantirá apoio jurídico contra as tarifas. “Ninguém ficará desamparado pela taxação do presidente Trump”, declarou Lula, ressaltando que a estratégia protegerá a produção nacional e fortalecerá o comércio exterior.

Crédito especial com contrapartidas

O Banco do Brasil e o BNDES concederão o financiamento com recursos de crédito extraordinário fora do teto de gastos. Contudo, algumas empresas precisarão manter empregos para receber os valores.

Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a reforma do FGE ampliará a cobertura para todas as exportadoras brasileiras. “Estamos modernizando o fundo para apoiar qualquer empresa com vocação exportadora”, ressaltou Haddad. Dessa forma, o governo pretende criar um ambiente mais seguro para os negócios internacionais.

Tarifaço de Trump e impactos fiscais controlados

A taxação entrou em vigor no dia 6 e atingiu setores estratégicos, provocando queda nas vendas, cancelamentos de contratos e demissões. Apesar disso, o governo garantiu que o pacote respeitará a meta de déficit zero para 2025.

Paralelamente, o Brasil buscará solução para o impasse na Organização Mundial do Comércio (OMC) e poderá adotar medidas de reciprocidade. Por outro lado, Lula enfatizou que o país evitará bravatas e avaliará cuidadosamente o impacto de cada ação antes de implementá-la.