A Allos (ALOS3) apurou, no segundo trimestre, lucro líquido de R$ 186,74 milhões no número 39,3% menor que o registrado em 2024. A comparação, segundo a Exame, é “proforma”, dado que a companhia vendeu ou reduziu participações em alguns shopping centers nesse intervalo de tempo, ficando com um portfólio mais enxuto.
O Ebitda ajustado da administradora de shoppings foi de R$ 490,4 milhões no trimestre, com alta de 12,9% em relação ao mesmo período do ano passado. A margem EBITDA avançou 1,96 ponto percentual, para 73,1%. De acordo com a companhia, as despesas com vendas administrativas recuaram 1% na comparação com o segundo trimestre de 2024.
A receita líquida cresceu 8,4%, a R$ 656,4 milhões. A companhia destacou o crescimento de 6,7% na receita de locação, totalizando R$ 486 milhões. O braço de mídia da empresa, que, neste trimestre, começou a operar publicidades nos aeroportos da Aena, faturou R$ 45,9 milhões entre abril e junho, com crescimento anual de 31%. O NOI, indicador de receita operacional sem contar as despesas, cresceu 10,2% e terminou o trimestre em R$ 594,4 milhões.
O FFO, lucro líquido, excluindo efeitos não caixa (proveniente das operações), foi de R$ 304,6 milhões, alta de 1,9% na comparação anual. Por ação, o FFO obteve crescimento de 8,8%.
Lojistas conectadas com o consumidor
A Allos terminou o segundo trimestre de 2025 com a taxa de ocupação paraticamente estável, em 96,4%. As vendas totais somaram R$ 10,12 bilhões, com crescimento anual de 9,5%.
Já as vendas por metro quadrado, avançaram 7,4%, na mesma base de comparação, para R$ 1,982. Nas lojas que estão funcionando há pelo menos um no (indicador vendas mesmas lojas ou SSS), as vendas cresceram 7,1%.
Para Daniela Guanabara, CFO da Allos, a melhora desses indicadores é, também, resultado de um mix de lojistas mais conectado com as atuais demandas do consumidor, o que aumenta a rentabilidade das operações.
“O posicionamento premium atrai fluxo, venda e lojistas”, explica a executiva. As vendas de participação em shoppings que a administradora realizou no último ano têm a ver com essa busca de alcançar um portfólio de maior qualidade. Nos shopping que continuam sob gestão da companhia, a troca de lojistas tem resultado acarretado em mais vendas por metro quadrado.
“A gente tem conseguido atingir objetivo de alcançar um portfólio mais premium e dominante. E sempre estamos analisando outras oportunidades de desinvestimento, mas por hora essa não é uma necessidade”, afirmou Guanabara.
A companhia também aposta em uma estratégia multiuso, trazendo empreendimentos comerciais e residenciais para perto dos shopping centers.
Aluguel mais caro, custo de ocupação mais baixo
Para lojistas que estão há pelo menos um ano nos shoppings, os aluguéis cresceram 7,7% (no ano passado, nesse mesmo período, o aluguéis mesmas lojas evoluiu 3,9%). Mesmo assim, o percentual das vendas de lojas para arcar com custos de ocupação teve uma leve redução de um ano para outro, chegando a 10,2%. “A saúde do nosso lojista está muito boa”, afirmou a CFO à Exame.
A executiva contou que, só no mês de junho, a Allos assinou com 60 lojistas, quase metade dos contratos firmados na primeira metade do ano. Até agora, se houve algum sinal de desaceleração na economia por conta dos juros mais altos, passou despercebido pelos shoppings da administradora, disse Guanabara.
A última emissão de dívida da Allos foi feita quando a Selic estava no patamar de 13%, no início do ano. O saldo devedor da companhia foi de R$ 3,4 bilhões líquidos, com uma redução de R$ 98 milhões em relação ao trimestre anterior. A alavancagem medida pelo indicador dívida líquida/Ebitda ficou estável, em 1,7 vez. A companhia terminou o segundo trimestre com posição de caixa de R$ 3,1 bilhões.