O CEO da Azul (AZUL3), John Rodgerson, afirmou nesta quinta-feira (14), em coletiva sobre os resultados do segundo trimestre de 2025, que a companhia aérea possui “dinheiro suficiente” para concluir o processo de recuperação judicial nos EUA.
No fim de maio, a Azul entrou com pedido de recuperação judicial nos EUA pelo Chapter 11 – mecanismo que permite a reorganização de dívidas de empresas em dificuldades financeiras.
A empresa escolheu os EUA por considerar a legislação mais flexível e porque a maioria de seus credores é estrangeira, além de grande parte dos contratos com fornecedores terem como foro o estado de Nova York.
O processo de recuperação judicial possibilita que empresas renegociem dívidas, evitando falência, demissões ou atrasos de pagamento. Durante o período, ficam desobrigadas de pagar credores, mas devem apresentar um plano de reestruturação.
Resultados financeiros do 2º trimestre
No balanço do segundo trimestre, a Azul registrou lucro líquido de R$ 1,29 bilhão, revertendo o prejuízo de R$ 3,56 bilhões reportado no mesmo período do ano passado.
Em termos ajustados, porém, a empresa teve prejuízo líquido de R$ 475,8 milhões, queda de 29% em relação ao mesmo período de 2024.
“Nós ainda estamos crescendo, ainda estamos colocando mais aeronaves no ar, mas saímos de um lugar onde não estávamos ganhando dinheiro, simplificando um pouco mais a nossa malha”, disse Rodgerson.
Azul mais “leve”
O CEO afirmou que a empresa está ficando mais “leve”, tirando do balanço dívidas antigas e aeronaves que não estão operando, tornando a companhia mais eficiente.
Até agora, a Azul devolveu 12 aeronaves e esse número pode chegar a 30. “Muitas dessas aeronaves já estavam paradas, e estávamos pagando aluguel por aeronaves que não voariam mais.
O processo do Chapter 11 vai permitir tirar a obrigação de pagar aluguel por uma aeronave que não está gerando receita. Isso vai deixar a Azul mais leve”, explicou.
Rodgerson destacou que a empresa não pretende encolher, mas sim manter operações e crescer de forma mais modesta. A expectativa é sair do processo de recuperação judicial nos EUA até o início de 2026.
Estrutura do processo de recuperação
O Chapter 11 envolve US$ 1,6 bilhão em financiamento e deve eliminar mais de US$ 2 bilhões em dívidas, além de até US$ 950 milhões em possíveis aportes de capital ao sair da recuperação judicial.
Em julho, a Justiça norte-americana aprovou todos os pedidos da Azul relativos ao plano de reestruturação, garantindo a continuidade do processo.
Corte de operações em cidades e ajustes de rotas
Na última semana, a Azul confirmou o encerramento de operações em 14 cidades e a redução de 53 rotas consideradas menos rentáveis.
O objetivo é concentrar voos nos principais “hubs” da empresa: Viracopos (Campinas), Confins (Belo Horizonte) e Recife.
Além disso, a companhia reduzirá o número de destinos por cidade e sua operação sazonal, como voos para Paris (França) no inverno e a suspensão de novos voos para Orlando (EUA).
A expectativa é que as decolagens diárias passem de 931 para 836, uma redução de 10,2%.