Escritório Capote Valente do Nubank (Foto: Divulgação)
Escritório Capote Valente do Nubank (Foto: Divulgação)

O resultado financeiro trimestral do Nubank, que registrou um lucro líquido de US$ 637 milhões, 5% acima do consenso de analistas da Bloomberg, marcou uma mudança da visão do mercado do Itaú BBA e do BTG Pactual, que elevaram recomendação para a ação do banco digital.

O Itaú BBA, que rebaixou o Nubank há nove meses, mudou de ideia e passou o papel para outperform (pode ter um desempenho superior do que similares). O BTG Pactual, pela primeira vez desde o IPO (abertura de capital) do banco digital, em 2021, passou a recomendar a compra.

“Já vínhamos ‘flertando’ com esse upgrade há alguns meses. Em março, por exemplo, encerramos nossa recomendação long do Inter versus short do Nubank dentro do espaço dos bancos digitais após a queda das ações do Nubank depois dos resultados do quarto trimestre de 2024”, informa o relatório do BTG Pactual.

O preço-alvo da ação para os próximos 12 meses indicado pelo BTG é de US$ 18, valor 35% acima da cotação atual em Nova York, na casa de US$ 13,33 às 11h15 (horário de Brasília) desta terça-feira (19).

O Itaú BBA também visualiza esse mesmo preço para o papel do banco digital. Em relatório oficial, o banco enxerga uma fase de expansão nos cartões de crédito no Brasil, que vai ajudar a sustentar esse crescimento, junto com o amadurecimento do mercado de crédito consignado e de renda alta.

Receio na recomendação

“Após um período de cautela, estamos elevando a recomendação do Nubank para outperform novamente, com um novo valor justo de US$ 18 por ação para o fim de 2026. Nossas preocupações iniciais em relação à lucratividade dos cartões e ao ciclo de crédito local diminuíram. A dinâmica macroeconômica das famílias está se mostrando melhor do que o esperado, enquanto a empresa demonstrou resiliência e capacidade de adaptação”, informa o parecer.

“Estamos revisando para cima nossas estimativas de lucro para 20% em 2025 e 21% em 2026. Nossa visão atualizada reflete esses ajustes positivos, expressando otimismo quanto à lucratividade e às perspectivas de longo prazo”, completam os analistas do Itaú.

Na visão do BTG, a principal divergência apontada em relação aos que já demonstraram otimismo sobre o Nubank em 2023 e 2024 dizia ao mercado endereçável total dos principais produtos da fintech, como cartão de crédito, crédito pessoal sem garantia e financiamento via Pix.

A preocupação dos analistas era que dado o fato que cartões de crédito e financiamento via pix desaceleraram, se o Nubank reduzisse a originação de crédito pessoal sem garantia, os resultados gerais iriam recuar de forma relevante.

Na prática, o resultado não se confirmou. Logo, os analistas do BTG passaram a enxergar 2025 como um ano de transição para o banco digital.

Projeções futuras

“Olhando adiante, 2026 também deve se beneficiar de maiores repasses do governo (Bolsa Família), programas sociais de ano eleitoral, bem como da provável isenção do imposto de renda para pessoas físicas que recebem até R$ 5 mil por mês”, diz o BTG, que também aponta o ganho de tração no México como outra alavanca de crescimento.

“O Nubank está entrando mais fundo no bolso dos clientes ao aumentar os limites de crédito. Olhando para 2026, nossos economistas esperam juros mais baixos, inflação menor e um leve aumento do desemprego. Também poderemos ver um reforço de renda para a população de média e baixa renda se as propostas de isenção de impostos de renda forem implementadas “, completa o Itaú, na mesma linha do BTG.

No acumulado de 2025, as ações do Nubank registram valorização de 28,8% na Bolsa de Nova York. A companhia está avaliada em US$ 64 bilhõe