Incômodo geral

Pix e big techs: empresas dos EUA pedem apoio a Trump contra STF

Documento de gigantes da tecnologia alerta para insegurança jurídica no Brasil e risco de queda nos investimentos estrangeiros

(Foto: Divulgação/Casa Branca)
Trump deixa CAsa Branca para ir à cúpula da Otan, em Haia,

Empresas norte-americanas intensificaram críticas ao ambiente regulatório brasileiro e acionaram o governo de Donald Trump para tratar do tema. Elas apresentaram, além de preocupações com o Pix, queixas contra o Supremo Tribunal Federal (STF), a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e as tentativas de taxação das big techs defendidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Além disso, as companhias alertaram que mudanças em regras de moderação de conteúdo, inteligência artificial e data centers aumentam a instabilidade no Brasil. Segundo o Conselho da Indústria da Tecnologia da Informação (ITI), que representa 81 gigantes como Amazon, Google, Microsoft, Meta, Apple, Visa e Mastercard, tais medidas reduzem a confiança e afastam investidores estrangeiros.

O documento enviado ao Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR) destacou que alterações frequentes na legislação elevam custos, criam barreiras comerciais e comprometem a previsibilidade. Dessa forma, as empresas pediram que Trump pressione o Brasil para garantir segurança regulatória em um mercado considerado estratégico.

Pix e decisão do STF ampliam riscos regulatórios

O julgamento do artigo 19 do Marco Civil da Internet gerou forte reação das big techs. O STF decidiu que plataformas digitais podem ser responsabilizadas por conteúdos de terceiros quando não atenderem solicitações de remoção feitas fora da Justiça. 

Assim, o tribunal eliminou o “porto seguro” que antes protegia as empresas, ampliando a insegurança jurídica.

Logo depois, a Anatel reforçou a pressão ao determinar que marketplaces, como Mercado Livre, Amazon, Shopee e Magalu, assumam responsabilidade por anúncios de produtos irregulares. 

Na prática, a decisão obriga companhias a ampliar mecanismos de fiscalização, o que aumenta custos e reduz incentivos para investir no Brasil.

Inteligência artificial preocupa big techs dos EUA

Paralelamente, o projeto de lei 2338/2023 sobre inteligência artificial tornou-se outro ponto de atrito. O texto prevê remuneração para autores de conteúdos usados por sistemas de IA e estabelece limites rígidos para exploração de dados. 

Para a ITI, essas exigências inviabilizam o funcionamento de diversas ferramentas e restringem exportações norte-americanas. Como consequência, as empresas alertaram que a lei fortalecerá concorrentes chineses e reduzirá a competitividade global dos EUA.

Taxação de big techs amplia tensão com o Brasil

Ao mesmo tempo, propostas de taxação da economia digital aumentaram a preocupação das companhias. A Contribuição Social Digital (CSD), em tramitação no Congresso, prevê cobrança sobre publicidade e comercialização de dados. 

Nesse contexto, a ITI enfatizou que Lula já defendeu em várias ocasiões a tributação das big techs, o que amplia o risco de isolamento da economia digital brasileira.

Trump vira peça-chave para evitar prejuízos

Diante de tantos fatores, a ITI pediu que Trump atue diretamente junto ao governo brasileiro. O grupo reforçou que apenas negociações bilaterais podem restaurar a previsibilidade regulatória. 

Além disso, destacou que o Brasil gerou em 2024 um superávit de quase US$ 5 bilhões para as exportações norte-americanas de tecnologia, tornando o diálogo ainda mais urgente.