Moody’s e Fitch

Braskem queima R$ 1,45 bi do caixa e agências de rating rebaixam nota

Diversos fatores desmotivam tanto as agências de classificação quanto investidores a se manterem otimistas em relação a petroquímica

Braskem
Braskem (BRKM5) / Divulgalção

A Braskem encerrou o último trimestre com aproximadamente US$ 1,7 bilhão em caixa, o que corresponde a queda de cerca de US$ 1,1 bilhão desde junho de 2024, e reduziu sua cobertura de dívida para 30 meses — metade dos 61 meses reportados no mesmo período do ano anterior.

Durante anos de retração do setor e com custos decorrentes de desastre ambiental, a Braskem teve uma grande salvação: suas robustas reservas financeiras. Com isso, até mesmo esse pilar de sustentação está sendo corroído.

A Moody’s Ratings e a Fitch Ratings rebaixaram o rating da empresa no início deste mês, após resultados considerados desanimadores apontarem para uma queima de caixa persistente e níveis de endividamento crescentes. Somente no segundo trimestre, a Braskem consumiu R$ 1,45 bilhão em caixa.

Rendimentos em títulos de dólar da Brastemp a recorde

Os resultados e os rebaixamentos levaram o rendimento dos títulos em dólar da companhia com vencimento em 2030 a um recorde de 15,7% esta semana, superior aos aproximadamente de 9% registrados três meses antes.

“Se a empresa seguir nesse ritmo de consumo de caixa, vai chegar um momento que não vai ter mais caixa para cumprir com as obrigações”, afirmou Marcelo Pappiani, analista da Fitch, de acordo com o InvestNews. “A gente já vem, nos últimos 12 a 18 meses, com uma lupa um pouco maior, mas este último trimestre foi a gota d’água”, concluiu.

A companhia foi afetada pelo excesso de capacidade global na indústria petroquímica, bem como pelas consequências de um desastre ambiental que atingiu o seu grau de investimento e, mais recentemente, por um selloff de títulos — o que foi reforçado por temores relacionados a uma aquisição de Nelson Tanure, conhecido por seus investimentos em ativos depreciados.

Além disso, houve uma queda de 40% em suas reservas de caixa nos 12 meses encerrados em junho. Adicionalmente, os investidores estão tendo dificuldades para encontrar motivos para permanecer na empresa.

A Fitch rebaixou a Braskem em um nível, para BB-, em 12 de agosto, seu segundo corte neste ano.