O UBS BB cortou o preço alvo das ações da Petrobras (PETR3;PETR4) e dos recibos de ações negociadas nos EUA (ADRs: PBR; PBRa) de US$ 15,80 para US$ 14,40. Mesmo com a revisão, o banco transferiu a cobertura principal da estatal e reiterou as recomendações de compra com base em três pilares.
O banco, segundo o Infomoney, destacou que o mercado ainda questiona o perfil de investimentos (capex) da Petrobras e considera que a disciplina no cumprimento do guidance vai ser determinante para sustentar a geração de FCF e dividendos. A sugestão tem mencionado riscos positivos para a produção, o que reforça a visão construtiva da instituição.
O UBS BB, contudo, aponta a leitura de que a baixa concentração de investidores, combinada com múltiplos descontados e dividendos elevados, reduz riscos e pode abrir espaço para reprecificação conforme a execução operacional de mantenha sólida.
Os pilares que sustentam a recomendação são:
Avaliação atrativa, com a companhia negociando a múltiplos descontados em relação aos pares globais;
O UBS BB espera que a Petrobras não vai apenas seguir aumentando a produção, mas também que a companhia deve apresentar o maior crescimento entre seus pares.
Em números, o banco projeta que a Petrobras aumente sua produção de líquidos em cerca de 20% no período, contra níveis praticamente estáveis dos pares europeus e aproximadamente 30% dos pares nos Estados Unidos, percentual que cai para dígitos baixos de dois dígitos quando excluídas as aquisições.
Expectativa de crescimento relevante da produção nos próximos anos;
O UBS BB tem uma projeção de crescimento anual composto (CAGR) do fluxo de caixa livre (FCF) de 26% no período de 2025 a 2028, acima dos cerca de 20% registrados pelos pares.
O UBS BB projeta que a Petrobras distribuirá US$ 7,6 bilhões em dividendos em 2025, o que representa um dividend yield de 10% nos preços atuais, considerando apenas dividendos ordinários.
Mesmo o banco não veja muito espaço para dividendos extraordinários, as dificuldades do governo em encontrar alternativas para ampliar a arrecadação e melhorar o equilíbrio fiscal, somadas às declarações do ministro da Fazenda sobre dividendos extraordinários de estatais, adicionam algum risco de alta até o fim do ano.
Geração de fluxo de caixa livre (FCF) acima da média do setor
Desde dezembro de 2020, o setor de petróleo passou por desvalorização, com todas as empresas negociando a múltiplos de Valor da Firma (EV)/ lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) abaixo das médias históricas.
Entretanto, a Petrobras ainda negocia com desconto relevante em relação a pares da América Latina, América do Norte e Europa. Atualmente, a estatal é avaliada a cerca de 3 vezes Valor da Firma (EV)/ lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) projetado, contra 4 vezes das latino-americanas, cerca de 7 vezes das norte-americanas e 5 vezes das europeias.
Em termos de geração de fluxo de caixa (FCF), o yield projetado é de 15%, bastante acima do observado entre concorrentes globais.
Sobre o cenário político, o UBS BB avalia que ainda é cedo para operar Petrobras como um “trade eleitoral”. A pouco mais de um ano das eleições presidenciais no Brasil, o banco não incorpora impactos positivos ou negativos no valuation decorrentes do processo eleitoral, projetando estabilidade financeira e continuidade da atual estratégia de capex.
Apesar disso, o banco lembrou que as eleições e pesquisas historicamente influenciaram o desempenho das ações da Petrobras, gerando distorções em relação aos fundamentos pouco antes e logo após o pleito.