Governo Trump

EUA é acionado para intervir em acordo de níquel no Brasil

O AISI alega que, se a operação for bem-sucedida, a China passará a ter influência direta sobre uma parte substancial das reservas

Foto: Divulgação Anglo American
Foto: Divulgação Anglo American

O AISI (Instituto Americano do Ferro e do Aço, na sigla em inglês) acionou o governo de Donald Trump para agir junto ao governo brasileiro sobre o acordo de venda dos negócios de níquel da Anglo American no Brasil para a mineradora chinesa MMG. O movimento ocorre em meio ao confronto global pelo controle de minerais críticos.

O AISI — que representa um setor com mais de US$ 520 bilhões em produção — alega que, se a operação for bem-sucedida, a China passará a ter influência direta sobre uma parte substancial das reservas de níquel do Brasil. O volume, somado à sua posição dominante na produção indonésia, agravaria “as vulnerabilidades existentes na cadeia de suprimentos desse mineral crítico”, segundo informações do Valor.

A indústria norte-americana aproveitou a consulta pública do USTR (agência de representação comercial dos EUA) na investigação sobre atos, políticas e práticas do Brasil que poderiam interferir em interesses norte-americanos. Dependendo dos resultados, as sanções sobre a economia brasileira poderão ser elevadas.

No documento enviado ao USTR, o AISI solicita que a operação de níquel seja levantada junto ao governo brasileiro, com foco em tentar bloquear a transação entre a Anglo American e a companhia chinesa.

Preocupação do AISI e o governo brasileiro

“É essencial que o governo do Brasil explore alternativas que preservem a propriedade orientada para o mercado desses ativos estratégicos de níquel e garantam que o acesso futuro a esse mineral crítico permaneça aberto e justo”, afirmou o presidente do AISI, Kevin M. Dempsey, em carta enviada ao governo Trump.

O acordo envolvendo a venda, anunciada em fevereiro pela Anglo American — multinacional de origem sul-africana e britânica —, trata de dois ativos operacionais de ferroníquel em Goiás, Barro Alto e Codemin (Niquelândia), além de dois projetos que podem ser desenvolvidos futuramente, por um montante que pode chegar a US$ 500 milhões (R$ 2,7 bilhões, seguindo a cotação atual).