Problemas no paraíso

Trump declara guerra ao Fed e abala confiança nos mercados globais

Movimentos de Trump para limitar a autonomia do Fed despertam reação política imediata e ampliam a volatilidade nos mercados.

Donald Trump, presidente dos EUA, durante uma coletiva de imprensa (Foto: reprodução/White House)
Donald Trump, presidente dos EUA, durante uma coletiva de imprensa (Foto: reprodução/White House)

O Presidente dos Estados unidos Donald Trump intensificou nesta semana sua ofensiva contra o Federal Reserve, o banco central mais poderoso do mundo, ao anunciar a destituição da diretora Lisa Cook. A decisão inédita levantou imediatamente dúvidas sobre a independência da instituição, considerada vital para a estabilidade econômica internacional.

Os mercados reagiram de forma rápida e negativa. Os futuros do S&P 500 caíram 0,14%, enquanto os rendimentos dos Treasuries de 10 anos subiram para 2,95%. Ao mesmo tempo, o dólar perdeu valor frente ao euro e ao iene, refletindo maior cautela dos investidores e preocupações quanto ao futuro da moeda americana como reserva global.

Trump publicou em sua rede Truth Social uma carta afirmando ter destituído Cook “por justa causa”. No entanto, a diretora respondeu de imediato, destacando que o presidente não possui autoridade legal para removê-la. Além disso, assegurou que permanecerá no cargo para proteger a economia americana.

Trump desafia independência do Federal Reserve

Desde que retornou à Casa Branca, Trump pressiona o Fed a cortar juros e critica constantemente Jerome Powell por resistir. Além disso, atacou os gastos da instituição e ameaçou destituir Cook sob acusação de fraude.

Entretanto, ela rejeitou a pressão, afirmou que não seria intimidada e prometeu defender sua posição. Agora, a disputa deve seguir para a Suprema Corte, que já reconheceu proteção especial para dirigentes do banco central.

Powell, cujo mandato como presidente termina em 2025, pode permanecer no conselho até 2028. Dessa forma, sua continuidade reforçaria a defesa da autonomia da instituição. Como resultado, analistas avaliam que o Fed poderia se tornar semelhante à Suprema Corte, com composições mais dependentes de mudanças partidárias.

Nomeações de Trump podem alterar equilíbrio de poder

Trump já indicou Stephen Miran, defensor de cortes de juros e crítico da independência do Fed, para o conselho. Se conseguir novas indicações, alcançará maioria no colegiado, que controla o orçamento da instituição, aprova presidentes regionais e define prioridades estratégicas.

Analistas do JPMorgan alertaram que tal movimento representa uma “ameaça existencial” ao banco central. Além disso, em fevereiro expiram os mandatos de presidentes regionais, o que ampliará significativamente o alcance da influência política de Trump sobre a instituição.

Reação política amplia conflito institucional

Democratas reagiram imediatamente. A senadora Elizabeth Warren classificou a tentativa de demitir Lisa Cook como “ilegal” e acusou Trump de comportamento autoritário. Segundo ela, trata-se de uma manobra para desviar a atenção e justificar o fracasso no combate ao alto custo de vida.

Portanto, a ofensiva de Trump contra o Federal Reserve não apenas ameaça a autonomia da instituição, mas também eleva as tensões políticas. Além disso, aumenta as incertezas nos mercados globais e coloca em risco a confiança no sistema financeiro internacional.