As tarifas impostas pelos EUA sob a administração de Donald Trump causam perdas comerciais globais de US$ 450,1 bilhões. Além disso, a ONU projeta que a medida reduzirá o PIB real americano em 0,8% na próxima década. Consequentemente, as economias da China, União Europeia, Japão e Reino Unido sofrerão os maiores prejuízos financeiros.
O Brasil também enfrenta impactos do tarifaço: especialistas estimam um prejuízo de US$ 8,7 bilhões, equivalente a cerca de R$ 47,5 bilhões. Como as exportações brasileiras totalizaram US$ 337 bilhões em 2024, o país poderá registrar uma redução de 2,58% no valor total de suas vendas externas.
Para calcular esses números, a ONU analisou a demanda de importações de 170 países e 27 membros da União Europeia. Entretanto, Canadá e México foram excluídos, pois já sofreram tarifas anteriores. Embora Trump defenda que essas medidas protegem a indústria americana, os efeitos negativos se espalham globalmente.
Impactos nos preços e no bolso do consumidor americano na guerra comercial
O Laboratório de Orçamento da Universidade de Yale mostra que a taxa média sobre produtos nos EUA atingiu 18,6% em agosto de 2025, a maior alta desde 1933. Como resultado, os consumidores pagam mais por itens essenciais e duráveis, e os preços sobem de maneira significativa.
Por exemplo, produtos de couro, como sapatos e bolsas, subiram 39% no curto prazo, enquanto vestuário e têxteis registraram alta de 37% e 21%, respectivamente. Até 2028, os preços permanecerão 19%, 18% e 11% mais altos. Além disso, os alimentos aumentaram 3,2% agora e devem manter alta de 2,9% a longo prazo. Veículos automotores ficaram 12,4% mais caros atualmente e poderão subir 9,4% até 2028, acrescentando entre US$ 4,5 mil e US$ 6 mil ao preço médio de um carro novo de 2024.
Metais registraram alta de 41% no curto prazo e 17% no longo prazo, enquanto safras agrícolas subiram 31,5% até 2027 e 18% até 2028. Por consequência, famílias americanas perdem em média US$ 2,7 mil de renda anual, sendo que os impactos afetem três vezes mais as famílias de menor poder aquisitivo.
Trade-off das tarifas: ganhos e perdas
Apesar da arrecadação recorde de quase US$ 30 bilhões no último mês, economistas alertam que os custos superam os benefícios. Yale define a política tarifária como um trade-off: a produção industrial cresce 2,1%, mas setores como construção civil e agricultura caem 3,6% e 0,8%, respectivamente.
Além disso, o relatório prevê quedas no PIB, empregos e folha de pagamento em 2025. Portanto, a inflação mais baixa, esperada pelo mercado financeiro, deverá demorar a se concretizar. Entretanto, Trump e sua equipe defendem que cortes de impostos e receitas tarifárias compensam os efeitos negativos, promovendo crescimento econômico no longo prazo.