Virada de chave

B3 quer dobrar número de day traders e swing traders no Brasil

B3 amplia produtos e ferramentas para atrair investidores ativos e migrar traders de plataformas irregulares para o ambiente regulado.

(Foto: Adobe Stock)
(Foto: Adobe Stock)

A B3, bolsa de valores do Brasil, quer dobrar o número de day traders e swing traders no país. Para isso, acelera lançamentos de produtos voltados para pessoas físicas e busca atrair investidores que hoje operam em plataformas irregulares de Forex e CFD. Dessa forma, a bolsa pretende expandir o atual universo de 350 mil para cerca de 700 mil traders ativos.

Segundo Felipe Paiva, diretor da B3, o foco principal é migrar esse público para o ambiente regulado. “Temos razões para acreditar que a maior parte desse público trader potencial opera nessas plataformas irregulares. Nosso objetivo é trazê-los para a bolsa”, afirma Paiva em entrevista ao Valor Investe.

Mesmo sem prazo definido, a B3 trabalha com a meta como um teto de crescimento, considerando que o Brasil ainda é conhecido como um “paraíso da renda fixa”. Além disso, a bolsa combina expansão de produtos com apoio às ações da CVM contra operações irregulares, criando um caminho seguro para novos investidores.

Crescimento do mercado de derivativos

Atualmente, os day traders e swing traders representam um grupo pequeno entre os investidores — 350 mil de quase 91 milhões de CPFs ativos. No entanto, eles concentram operações em derivativos, que respondem por cerca de um terço do faturamento da B3.

A B3 registrou queda no número de investidores de derivativos desde 2021. Enquanto 568 mil CPFs registraram operações naquele ano, em 2024 o grupo caiu para 332,3 mil. Até junho de 2025, apenas 269,8 mil investidores operaram derivativos ao menos uma vez. Por isso, a bolsa reduziu margens de garantia, fragmentou contratos e lançou produtos como futuros de criptomoedas, derivativos de ouro e microcontratos do Ibovespa.

Além disso, a B3 aprimora a experiência do usuário, inspirando-se em jogos e simulações, para tornar o ambiente mais atrativo e acessível a investidores pessoa física. Consequentemente, os traders encontram mais oportunidades de explorar estratégias de forma segura e regulada.

Day trade e swing trade: riscos e oportunidades

O day trade apresenta forte assimetria de resultados. Um levantamento da Grana Capital revela que 72% dos investidores tiveram prejuízos nos últimos 12 meses, com perdas médias de R$ 7.827. Somente uma minoria obtém ganhos expressivos, enquanto dez investidores perderam mais de R$ 1 milhão.

A alavancagem nos contratos futuros e de opções amplifica tanto lucros quanto prejuízos. A margem exigida representa apenas uma fração do valor total do contrato, gerando grande impacto financeiro mesmo para pequenas variações de preço. Ainda assim, operar no ambiente regulado oferece um “colchão” de segurança, reduzindo riscos em comparação às plataformas irregulares.

Segurança e ferramentas para investidores

A B3 aplica mecanismos de proteção, como questionários de perfil de risco (suitability), travas de segurança nas corretoras e alertas em operações de alto risco. Em parceria com a Nelogica, criou um simulador em tempo real, com mais de 300 mil downloads. Assim, investidores conseguem visualizar histórico de ganhos e perdas antes de realizar operações.

Paiva reforça que, apesar das perdas naturais do day trade, a bolsa aprimora constantemente a segurança: “Estamos fortalecendo mecanismos de proteção para reduzir riscos e orientar o investidor, garantindo que o ambiente regulado seja mais seguro que alternativas irregulares.”