Recorde negativo

Crédito livre: Inadimplência alcança maior patamar em oito anos

Juros altos e novas regras de provisionamento pressionam bancos e elevam riscos de inadimplência no crédito livre.

(Foto: Agência Brasil)
(Foto: Agência Brasil)

O crédito livre registrou aumento significativo na inadimplência, alcançando o maior nível em quase oito anos, segundo dados divulgados pelo Banco Central nesta quarta-feira. Essa alta ocorre devido à combinação de juros elevados e mudanças nas regras de contabilização de perdas nas carteiras de empréstimos. Consequentemente, bancos e consumidores enfrentam custos mais altos e riscos mais elevados.

Em julho, a inadimplência do crédito livre avançou para 5,2%, ante 5% em junho. Em doze meses, o índice subiu 0,8 ponto percentual. Esse patamar não aparecia desde novembro de 2017, quando também atingiu 5,2%, de acordo com a série histórica do BC. Portanto, o aumento indica desafios significativos para o mercado financeiro.

O indicador geral de inadimplência das operações de crédito, que inclui recursos livres e direcionados, saltou de 3,6% em junho para 3,8% em julho. Assim, a elevação demonstra que o aumento não se limita ao crédito livre, afetando diretamente outras modalidades de empréstimos.

Inadimplência por segmento de crédito

As empresas registraram alta de 2,4% para 2,5% em julho, enquanto as famílias avançaram de 4,3% para 4,5%. Portanto, tanto negócios quanto consumidores enfrentam maiores dificuldades para honrar dívidas. Além disso, a elevação dos juros impacta de forma mais intensa o crédito pessoal e o cartão, impulsionando diretamente a inadimplência.

Fernando Rocha, chefe do departamento de estatísticas do BC, afirmou que a alta também pode estar ligada à Resolução 4.966 do Conselho Monetário Nacional (CMN), que alterou regras de provisionamento de perdas. No entanto, ele ressalta que ainda não é possível confirmar uma tendência contínua de piora.

O aumento da inadimplência exige atenção constante das instituições financeiras. Assim, bancos devem ajustar suas estratégias de concessão e cobrança, enquanto consumidores precisam organizar melhor o orçamento. Consequentemente, o monitoramento do crédito se torna essencial em um cenário de juros elevados e restrições financeiras crescentes.