Diz pesquisa

Tarifaço deixa carne e café mais baratos no mercado nacional

Levantamento feito pela Scanntech compilou informações baseadas em 13,5 bilhões de tíquetes de compra, em mais de 60 mil pontos de venda

(Foto: Carnes/CanvaPro)
(Foto: Carnes/CanvaPro)

Menos de um mês após a medida, produtos atingidos pela tarifa de 50% imposta às exportações brasileiras pelos EUA já começaram a registrar queda de preço no mercado interno.

Um levantamento feito pela Scanntech, enviado com exclusividade ao jornal CNN Brasil, compilou informações baseadas em 13,5 bilhões de tíquetes de compra, capturados em mais de 60 mil pontos de venda.

Entre julho e agosto, o frango registrou a menor retração, com queda de 5,7% no preço (R$ 17,33/kg). O café obteve uma queda de 4,6% (R$ 76,40/kg); a carne suína, 1,3% (R$ 23,05/kg); e a bovina, 0,8% (R$ 34,58/kg).

O setor de pescados foi o único a contrariar a tendência, e obteve uma alta de 2% (R$ 34,43/kg).

Lei da oferta e demanda

As tarifas de 50% impostas pelo governo Trump e em vigor desde o dia 6 de agosto, forçou setores que não entraram para a lista de isenções tarifárias a interromper exportações aos EUA.

Das duas, uma: ou há um redirecionamento para novos mercados – como a indústria de carne tem feito com o México, por exemplo – ou o produto fica no mercado interno, competindo com marcas que trabalham exclusivamente com vendas direcionadas ao comércio nacional.

Isso gera um aumento na oferta. Sem uma mudança significativa na demanda, o preço tende a cair.

Segmentos de café e carne querem negociar

Os setores de café e carne mantêm suas apostas na negociação com os americanos como a principal estratégia para lidar com o tarifaço imposto aos produtos brasileiros.

Os itens estão entre os 10 produtos mais exportados pelo Brasil aos EUA no primeiro semestre de 2025.

Segundo o diretor-geral do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), Marcos Matos, a entidade mantém o foco na necessidade de serem mantidas as negociações com a indústria cafeeira norte-americana e o Departamento de Estado dos EUA para obter a isenção das tarifas ao café.

Apostar na negociação também é uma estratégia compartilhada pela indústria de carne bovina. Em entrevista divulgada pelo CNN Money, o presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), Roberto Perosa, disse que o segmento tem defendido junto ao governo federal que o Brasil mantenha as tratativas com o governo Trump para retomar o fluxo comercial normal ao país.