O mercado de venture capital brasileiro tem mostrado sinais claros de descentralização em 2025. Somente no primeiro semestre, as regiões Sul, Centro-Oeste, Norte e Nordeste passaram a concentrar 42% do volume de aportes.
O crescimento evidencia a formação de novos polos de inovação fora do Sudeste, com ecossistemas locais ganhando tração, atraindo capital e se tornando cada vez mais relevantes no mapa de investimentos.
O movimento reflete uma mudança estrutural no setor, em que o capital de risco começa a ser distribuído de forma mais equilibrada, aproximando-se das necessidades e potencialidades regionais.
Cada vez mais, investidores têm direcionado recursos para cidades que antes estavam fora do radar, mas que agora demonstram maturidade empreendedora, talento qualificado e capacidade de geração de soluções inovadoras.
Nesse ambiente de descentralização do capital de risco, R$ 17,3 milhões já foram destinados a startups de 9 estados brasileiros nos primeiros meses de 2025.
A Bossa Invest tem direcionado parte relevante desse movimento, destinando quase metade de seus aportes fora de São Paulo, em estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Distrito Federal e Paraná. Para Paulo Tomazela, CEO da gestora, a descentralização é um passo essencial para democratizar o acesso à capital e multiplicar o impacto das startups.
“Cada região do Brasil possui potenciais únicos, talentos extraordinários e mercados ainda pouco explorados. Ao apoiar ecossistemas locais, não apenas ampliamos o alcance da inovação, mas também criamos um ambiente mais inclusivo e competitivo para todo o país”, afirma.
O processo reforça a tendência de investidores olharem além dos polos tradicionais em busca de oportunidades emergentes.
Setores como educação, fintechs e indústria 4.0 vêm se consolidando como vetores relevantes de crescimento em diversas regiões do país. Negócios que antes encontravam barreiras para acessar venture capital agora passam a ter contato com redes estratégicas, mentorias especializadas e capital capaz de acelerar sua trajetória em ritmo mais competitivo.
Essa democratização do acesso ao investimento permite que empresas emergentes alcancem mercados maiores e se tornem protagonistas em áreas antes dominadas por grandes players.
Além do impacto direto aos empreendedores, a ampliação da base de investimentos fortalece economias locais, promove a geração de empregos de alta qualificação, impulsiona cadeias produtivas regionais e fomenta um ambiente de inovação mais equilibrado em escala nacional.
Na visão de Tomazela, apoiar empreendedores fora do eixo tradicional é uma estratégia que combina impacto e sustentabilidade de longo prazo.
“Nosso objetivo é apoiar negócios que têm uma conexão profunda com suas comunidades, capazes de oferecer soluções reais para os desafios locais e, ao mesmo tempo, escalar para o Brasil e para o mundo”, disse o CEO.
“Acreditamos que, ao investir fora dos grandes centros, ajudamos a construir um ecossistema mais inclusivo, resiliente e representativo da diversidade do país. Essa é a verdadeira força do venture capital: transformar realidades enquanto geramos valor para toda a economia”, completa.
As cidades fora dos grandes centros urbanos estão, assim, se transformando em polos estratégicos de inovação e empreendedorismo, mudando a dinâmica do mercado de venture capital no país.