
O caso de recuperação judicial do Grupo Safras, que tem dívidas de R$ 2,2 bilhões, teve mais um imbróglio. O TJ-MT (Tribunal de Justiça do Estado do Mato Grosso) definiu o afastamento imediato de todos os administradores e sócios controladores do Grupo Safras e do Núcleo Randon (controlado pela família do fundador Dilceu Rossato).
Além disso, o órgão acabou afastando os produtores envolvidos em qualquer função de gestão do grupo. Os sócios controladores minoritários acusam-se mutuamente de fraudes e pediram recurso da decisão.
O Grupo Safras foi fundado em 2010 por Dilceu Rossato, ex-prefeito de Sorriso (MT), e pelo empresário Pedro de Moraes Filho. A companhia foca no processamento, armazenagem e comercialização de grãos e produção de etanol de milho.
A empresa já chegou a faturar quase R$ 7 bilhões ao ano. No entanto, a partir de 2023, enfrentou uma série de dificuldades em um quadro de queda dos preços da soja, quebra de safra, dificuldade de acesso a crédito e aumento das dívidas, decorrente da compra da Copagri.
Em abril de 2025, o Grupo Safras entrou em recuperação judicial na 4ª Vara Cível de Sinop (MT). Em maio, suspeitas de fraudes levaram o Tribunal de Justiça de Mato Grosso a suspender o processo. Os sócios-fundadores entraram com recurso para retomar o processo de recuperação judicial, mas o tribunal ainda não apreciou o pedido.
Parte dos credores acusam os fundadores de transferir patrimônio do grupo de maneira fraudulenta. Entre os principais credores do grupo estão o Bravano FIDC (R$ 284,1 milhões) e a Flow Gestora de Crédito (R$ 98,8 milhões).
Em nota, a Flow Gestora afirmou que iniciou sua relação com o Grupo Safras em 2020/21 e que, em 2022/23, foi escolhida para estruturar o FIDC Empresarial Bravano com objetivo de melhorar a estrutura de capital e o fluxo de caixa da companhia, em conformidade com práticas de mercado e normas da CVM.
A gestora explicou que a liquidação do Bravano FIDC ocorreu por inadimplência dos créditos, configurando “evento de liquidez”, e resultou na liquidação do fundo por razões regulatórias, com pagamento exclusivo aos cotistas seniores e mezanino, sem qualquer benefício aos antigos controladores do Grupo Safras ou cotistas juniores.
A Flow destacou ainda que cumpriu seu dever fiduciário junto aos investidores, com operações lastreadas por recebíveis e garantias.
A gestora e outros credores adotaram medidas judiciais para proteger os interesses dos cotistas diante de dúvidas sobre as intenções do grupo e de terceiros.
A empresa também esclareceu que a opção de compra de participação societária do Grupo Safras, firmada com os fundos Axioma FIP e Alcateia FIP, não foi exercida pela Flow Gestora nem pelos FIPs, sendo cedida à Agri Brazil, mantendo sua atuação “dentro da mais estrita legalidade e transparência”.