
Fundos alternativos ainda soam como novidade para muitos investidores. Há quem considere “alternativo” apenas o ato de investir em ações, mas esse mercado vai muito além. Obras de arte, catálogos musicais e até o cinema já fazem parte desse universo.
Para entender melhor as nuances e oportunidades desse setor, conversamos com Max Linder, Head de Relacionamento B2B da Hurst Capital, especialista em fundos alternativos.
Veja a entrevista na integra
O que é a Hurst ? Como vocês se posicionam no mercado?
Max Linder: A Hurst, é o maior ecossistema de investimentos alternativos da América
Latina. Nossos investidores têm acesso a um portfólio amplo, que vai de catálogos musicais a obras de arte, passando por cinema. Contamos com especialistas de cada segmento que nos ajudam a transformar ativos reais da economia em produtos de investimento financeiro.
Capital alternativo tem futuro?
Max Linder: Segundo os estudos, do James Morgan, da Metropolitan, a gente está passando nessa década pela maior transferência de renda da história. Estima-se que no mundo inteiro, nos próximos 10 anos, vão migrar em torno de US$ 84 trilhões E aqui no Brasil, são R$ 9 trilhões que vão migrar de geração para geração. A nova geração, ela não investe mais como os avós. Meu avô gostava de comprar terreno. Meu pai gostava de comprar casa. Eu gosto de comprar royalties musicais. Então, a Hurst é o ecossistema que está preparado para receber a nova demanda desses investidores.
Qual é o papel do assessor de investimentos?
Max Linder:O papel do assessor é fundamental. Porque tudo que é novo, depende, carece de educação financeira. E o assessor é essa ponte que vai levar os ativos alternativos para o investidor. Ele precisa estar muito bem capacitado para explicar como é que funciona, e os riscos atrelados à operação. E, principalmente, entender qual o perfil daquele investidor.
Como os produtos alternativos se encaixam na carteira dos clientes dos assessores?
Max Linder: Para nós, pouco importa se o dólar vai subir, se haverá tarifaço nos EUA ou reviravoltas políticas no Brasil. O que impacta nossos clientes é quantos plays o catálogo do Moacir Franco teve no Spotify ou como um artista valorizou suas obras. Trabalhamos com ativos descorrelacionados do mercado tradicional, o que traz novas conversas e oportunidades para o assessor e o cliente.
Como a Hurst apoia o assessor na hora de explicar os produtos para seus clientes?
Max Linder: A Hurst tem toda uma equipe de suporte, tanto para os assessores como para os clientes finais. Então é muito comum a gente fazer eventos em galerias de arte para explicar como se ganha dinheiro com obras de arte. Então, além de eventos para clientes finais, a gente tem também toda uma parte de programação de agenda de eventos para os assessores, assim como treinamentos online.
Como vocês alinham os produtos ao perfil do cliente?
Max Linder: O foco é sempre o propósito do investidor. Se ele tem afinidade com artes, oferecemos teses ligadas a esse universo. Se gosta de música, direcionamos para esse segmento. Nosso papel é buscar na economia real oportunidades que se transformem em investimentos sob medida.
Um dos atuais investimentos oferecidos pela Hurst é o cinema, como há retorno em mercados tão voláteis?
Max Linder: A gente tem muita objeção do investidor quando se fala de cinema. Ninguém mais vai ao cinema, principalmente depois da pandemia. E, na verdade, a tese de cinema é muito mais abrangente. A nossa de tese é muito mais para venda para streaming do que para cinema propriamente dito. Nesse ano a captação de bilheteria de cinema que a gente tinha pré-pandemia. Durante a precificação da distribuição de um filme, a gente leva em consideração o menor investimento possível para que atinja o maior público.
Como o público adere a esse tipo de investimento?
Max Linder: Tudo que é novo demanda um esforço maior de comunicação, mas o que a gente tem percebido da pandemia para cá é que o interesse está muito grande. A gente vê que os investidores estão buscando coisas diferentes. Quando olhamos nas plataformas de investimento, é tudo mais do mesmo. O investidor não quer mais falar de CDB, de LCI, de LCA, com taxa de juros alta. Então, quando a gente leva para ele produtos diferentes, com taxas maiores ainda. Além de diversificar, eles se sentem confortáveis em buscar mais de uma tese para investir.
Vocês planejam lançar novos veículos de investimento ou fundos voltados ao varejo?
Max Linder: Lançamos recentemente a nossa Asset, que permitirá fundos diversificados entre nossas teses. Inicialmente, a proposta é atender investidores institucionais, mas em breve pretendemos lançar esses fundos nas principais plataformas, ampliando o acesso a investimentos alternativos.
Investimentos alternativos são mais seguros por estarem descorrelacionados do mercado tradicional?
Max Linder: Não necessariamente por estarem descorrelacionados do mercado são mais seguros. O que depende é de uma performance futura que a gente não sabe como vai ser a demanda pelo stream. Todo investimento tem seu risco. O que importa é o investidor entender qual risco está correndo e se ele se encaixa no seu perfil e propósito.