Pior momento da relação

Lula se prepara para viajar aos EUA após rebater Trump sobre condenação de Bolsonaro

Presidente deve participar da Assembleia-Geral da ONU, evento que tradicionalmente tem o discurso do mandatário brasileiro em sua abertura

 (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
(Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Em meio ao pior momento da relação com os EUA, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se prepara para ir a Nova York para sua terceira participação na Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) neste mandato.

O evento, previsto para a próxima semana, é tratado como prioridade na agenda internacional.

Ao longo de seus três mandatos, Lula compareceu a todas as Assembleias, exceto a de 2010, quando enviou o então chanceler Celso Amorim em seu lugar por estar focado na campanha presidencial de Dilma Rousseff.

Neste ano, além da ausência de disputas eleitorais, o encontro é visto como estratégico para avançar nas negociações da COP30, que será realizada pela primeira vez no Brasil, em Belém, em novembro.

No dia 24, a ONU sediará a Cúpula do Clima, quando os países devem anunciar propostas para reduzir emissões de gases de efeito estufa e adotar medidas de adaptação às mudanças climáticas, as chamadas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas).

Tradicionalmente, o Brasil é responsável pelo discurso de abertura da Assembleia — papel que Lula desempenhou em 2023 e 2024.

O presidente chegará a Nova York em meio ao agravamento das tensões diplomáticas. O governo de Donald Trump impôs tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros como resposta ao inquérito que resultou na condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.

Além disso, autoridades americanas cassaram o visto de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e aplicaram sanções da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, bloqueando contas e transações em território sujeito à legislação dos EUA.

Em artigo publicado neste domingo no New York Times, Lula afirmou que o Brasil “continua aberto a negociar qualquer coisa que possa trazer benefícios mútuos”, mas ressaltou que “a democracia e a soberania do Brasil não estão em pauta”.

No texto, o presidente também rebateu as alegações do governo norte-americano de que a condenação de Bolsonaro configuraria uma “caça às bruxas”, defendendo o STF e destacando orgulho da “decisão histórica” que, segundo ele, “salvaguarda nossas instituições e o Estado Democrático de Direito”.

Na semana passada, Bolsonaro e outros sete réus apontados como integrantes do núcleo da tentativa de golpe foram condenados pela Primeira Turma do STF.

Após a sentença, Washington prometeu dar uma “resposta adequada” ao que classificou como perseguição à oposição.