O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste domingo que a imposição de tarifas sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos não é uma solução adequada para enfrentar os desafios internos levantados pelo governo norte-americano.
Em artigo publicado no New York Times e direcionado ao presidente Donald Trump, Lula defendeu o multilateralismo como caminho mais justo e equilibrado para lidar com questões comerciais globais.
“A recuperação de empregos nos EUA e a reindustrialização são motivações legítimas. Mas recorrer a ações unilaterais contra Estados individuais é prescrever o remédio errado. O aumento de tarifas imposto ao Brasil não é apenas equivocado, mas também ilógico”, escreveu o presidente, segundo o Investing.
Lula disse ainda que o texto foi uma tentativa de abrir um canal de diálogo honesto com Trump e rebateu os argumentos usados para justificar a medida, que, segundo ele, têm motivação política. O petista mencionou inclusive que o vice-secretário de Estado, Christopher Landau, teria admitido essa motivação em conversa com empresários brasileiros em Washington.
O presidente também citou dados que mostram um desequilíbrio favorável aos EUA na relação comercial bilateral, reforçando que não há justificativa econômica para as tarifas.
Negociações e Diálogo Brasil-EUA
Durante o processo de negociação, autoridades dos dois países chegaram a manter reuniões e ligações, mas Lula e Trump não conversaram diretamente. Em entrevista à Reuters, o presidente brasileiro afirmou que não iria “se humilhar” para tentar falar com o norte-americano.
Atualmente, não há canais de negociação abertos entre Brasil e EUA, o que, segundo Lula, ocorre por falta de disposição do governo Trump em dialogar.
Cecafé: tarifas fazem exportações caírem 17,5% em agosto
O café em agosto de 2025, volume que representa uma queda de 17,5% em comparação com o mesmo período do ano anterior. A receita cambial, no entanto, cresceu 12,7% no mesmo intervalo, atingindo US$ 1,1 bilhão. As informações são do relatório mensal do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), divulgado na terça-feira (9).
De acordo com Márcio Ferreira, presidente da entidade, a contração no volume embarcado já era esperada. O Brasil registrou exportações recordes do grão em 2024, mas a safra de 2025 teve menor potencial produtivo. Além disso, as tarifas de 50% implementadas pelos EUA — em vigor desde 6 de agosto — inviabilizaram grande parte dos embarques para o país, até então o maior importador do produto.
Reconfiguração do mercado:
- Os EUA perderam a primeira posição para a Alemanha, caindo para o segundo lugar no ranking de importadores.
- Foram importadas 301 mil sacas pelos EUA (resultado de negócios fechados antes das tarifas), com contração de 26% na comparação mensal e 46% na anual.
- A Alemanha importou 414 mil sacas no mesmo período.