Em meio a negociação

China acusa Nvidia de violar lei antimonopólio

A Nvidia não comentou o assunto.

Foto da sede da empresa Nvidia
Nvidia Voyager (Foto: reprodução/Nvidia)

A China disse nesta segunda-feira (15) que uma investigação preliminar da Administração Estatal para Regulamentação do Mercado identificou que a Nvidia violou a lei antimonopólio do país.

O anúncio vem no momento em que EUA (país de origem da Nvidia) e China realizam negociações comerciais em Madri, com a expectativa de que os chips estejam em pauta.

De acordo com a Reuters, via Investing.com, o anúncio provavelmente foi programado para dar ao país asiático influência na negociação.

“Ambos os lados parecem estar construindo alavancagem para negociar a partir de uma posição mais favorável, mas estão fazendo isso por meio de movimentos muito calculados porque entendem os riscos em jogo”, disse Alfredo Montufar-Helu, diretor da empresa de consultoria estratégica GreenPoint.

A Nvidia não comentou o assunto.

Balde de água fria na Nvidia

Para Zhengyuan Bo, sócio da empresa de pesquisa Plenum, a decisão preliminar do órgão chinês provavelmente é um contra-ataque à decisão de Donald Trump de aplicar sanções comerciais a 23 empresas da China.

“É um aviso de que, se o paradigma de controle de exportação dos EUA funcionar da mesma forma que nos últimos anos, haverá consequências, e a China está disposta a infligir danos às empresas norte-americanas”, disse Bo.

Além disso, o mais recente anúncio pode complicar os planos do presidente executivo da Nvidia, Jensen Huang, de superar as tensões entre EUA e China para vender versões modificadas de chips mais avançados na segunda maior economia do mundo.

O executivo visitou a China três vezes em 2025 para sinalizar o compromisso da empresa com o mercado chinês, que nos últimos anos teve o acesso aos chips mais avançados da Nvidia restringido repetidas vezes pelos controles de exportação norte-americanos.

A Administração Estatal para Regulamentação do Mercado chinesa não entrou em detalhes sobre como a Nvidia pode ter violado as leis antimonopólio do país.

A investigação

Em dezembro de 2024, a China iniciou uma investigação sobre a Nvidia sobre o que disse serem suspeitas de violações da lei antimonopólio do país, uma investigação que foi amplamente vista como retaliação contra as restrições de Washington ao setor chinês de microprocessadores.

O órgão chinês também disse que a Nvidia é suspeita de violar compromissos assumidos durante a aquisição da projetista israelense de chips Mellanox Technologies, segundo os termos descritos na aprovação condicional desse acordo em 2020.

Um dos termos era de que a empresa norte-americana continuaria a abastecer o mercado da China com chips GPU, usados na computação. Nos últimos anos, a empresa precisou encerrar as vendas dos microprocessados mais avançados devido aos controles de exportação implementados ainda na gestão do ex-presidente Joe Biden.

De acordo com a lei antitruste da China, as empresas podem sofrer multas de 1% a 10% de suas vendas anuais do ano anterior. A China gerou US$17 bilhões em receita para a Nvidia no ano fiscal que terminou em 26 de janeiro, ou 13% do total de vendas, com base em seu último relatório anual.

Também no mês passado, o órgão regulador do ciberespaço da China convocou os representantes da Nvidia para explicar se o chip H20, que a Nvidia adaptou para a China, apresenta riscos de segurança que poderiam afetar os dados e a privacidade dos usuários chineses.