Uma comissão de investigação da ONU (Organização das Nações Unidas) acusou Israel nesta terça-feira (16) de cometer “genocídio” em Gaza com o propósito de “destruir os palestinos” que vivem no território. Além disso, os investigadores culparam o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e outros funcionários da alta cúpula do governo por instigar o crime.
Após a divulgação do relatório, o Ministério das Relações Exteriores de Israel “rejeitou categoricamente o documento tendencioso e mentiroso” da comissão.
A Comissão Internacional Independente de Investigação da ONU (COI, em inglês) que não fala em nome da organização e é alvo de fortes críticas do governo de Israel, denunciou que “está acontecendo um genocídio em Gaza”, disse Navi Pillay, diretora da comissão à agência AFP.
A comissão independente tem como intuito investigar a situação dos direitos humanos nos territórios palestinos ocupados, publicou o documento após quase dois anos do início da guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque do grupo terrorista Hamas em 7 de outubro de 2023 em Israel.
A comissão concluiu que, desde outubro de 2023, as autoridades e forças do governo israelense cometeram “quatro dos cinco atos genocidas” enumerados na Convenção sobre o Genocídio de 1948.
Os atos englobam “matar membros do grupo, causar danos físicos ou mentais graves a membros do grupo, submeter deliberadamente o grupo a condições de vida calculadas para provocar sua destruição física, total ou parcial, e impor medidas destinadas a impedir nascimentos dentro do grupo”.
Os membros da comissão afirmaram que as declarações das autoridades israelenses, ao lado do padrão de conduta das forças israelenses, ainda “indicam que atos genocidas foram cometidos com a intenção de destruir (…) os palestinos da Faixa de Gaza como grupo”.
O relatório conclui que o presidente israelense, Isaac Herzog, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant “incitaram a cometer um genocídio e que as autoridades israelenses não tomaram medidas contra eles para punir a incitação”.
Pillay, que foi presidente do Tribunal Penal Internacional para Ruanda e juíza na Corte Penal Internacional, afirmou que os líderes israelenses mencionados “orquestraram uma campanha genocida”.
O Ministério das Relações Exteriores de Israel reagiu de imediatamente após a publicação do relatório. A autoridade afirmou em um comunicado que “rejeita categoricamente o relatório tendencioso e mentiroso”, e pediu a dissolução da comissão investigadora.
A pasta ainda considerou que o relatório “é inteiramente baseado nas falsidades do Hamas, branqueadas e repetidas por outros”.
A ONU, porém, não classificou a situação em Gaza como genocídio, termo utilizado por muitos líderes mundiais, como o presidente Lula; o colombiano Gustavo Petro; o turco Recep Tayyip Erdogan e o espanhol Pedro Sánchez.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas e que a ONU considera confiável, foram quase 65 mil pessoas que morreram em Gaza desde o início da guerra. Noutro giro, os ataques terroristas em Israel deixaram mais de 1.200 mortos.