Fraudes no INSS

Nelson Wilians se defende na CPMI do INSS e diz ser inocente

Munido de habeas corpus para ficar calado, Nelson Wilians depôs na CPMI do INSS e alegou sua inocência no caso dos descontos a aposentados

Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

O advogado Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, investigado por supostamente ser um dos beneficiários das fraudes envolvendo associações que lesavam beneficiários da Previdência Social, disse nesta quinta-feira (18), na CPMI do INSS, que é inocente.

Nelson Willians fez uma declaração na abertura da sua oitiva, e além de ter dito ser inocente em relação aos descontos irregularidades, afirmou que não conhece o chamado Careca do INSS.

“De maneira categórica, eu não conheço o Careca do INSS. Só vim a ter o conhecimento desta figura e deste nome a partir das notícias. Portanto, que não pairem dúvidas: eu não conheço o Careca do INSS”, disse Nelson Willians.

O depoimento foi realizado pela CPMI apesar de o advogado ter recebido um habeas corpus concedido pelo ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal, que lhe garantiu o direito de permanecer em silêncio.

Pressionado a firmar compromisso a dizer a verdade, o advogado declarou que “já disse a verdade”.

Willians se negou a assinar o termo de compromisso apresentado pelo presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG).

CPMI relacionou Wilians a beneficiário de fraudes

Ligado a Maurício Camisotti, investigado pela Polícia Federal por supostamente ser um dos beneficiários finais dos descontos indevidos envolvendo associações ligadas aos beneficiários lesados, o depoente não respondeu às perguntas, mas negou ter qualquer relação com as fraudes na Previdência.

Depois de negar conhecer Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, Willians disse ter relação com o empresário Mauricio Camisotti desde 2015, que lhe foi apresentado por um amigo em comum, dando início a um contato profissional que “passou para amizade”.

O advogado foi convocado à CPMI por ter transações bancárias suspeitas com Camisotti, investigado por supostamente ser um dos beneficiários finais das fraudes envolvendo associações que lesavam os beneficiários.

Camisotti foi alvo de mandado de busca e apreensão, cumprido pela Polícia Federal no âmbito da operação que apura fraudes no INSS.

Wilians disse repudiar descontos a aposentados

Na sua fala inicial, o advogado disse abominar o que aconteceu no INSS e classificou os crimes de fraudes contras os aposentados como hediondos.

“Lesar um aposentado já é por si só um crime gravíssimo. Lesar milhões de aposentados é um atentado de proporções inaceitáveis, que agride não só um indivíduo, mas toda a sociedade, a nossa nação”, afirmou.

O relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), questionou Willians se “a fortuna e a ostentação” do advogado, em algum momento, eram resultado do roubo dos aposentados e pensionistas lesados.

Gaspar também questionou se a Polícia Federal cometeu “o maior erro da sua história”, com busca e apreensão nas dependências de Wilians.

Ele respondeu mas uma vez que não tem ligação com as investigações da fraude.

“Com a relação à Polícia Federal, ela cumpre o seu papel, assim como as instituições, esse Senado, o Congresso. Se a Polícia Federal achou que aquele seria o caminho é o direito dela. Eu não acho que ela errou, mas agora eu vou ter a possiblidade de apresentar os documentos”, declarou Wilians.