Mais de 800 mil pessoas foram às ruas da França nesta quinta-feira (18) para protestar contra os cortes orçamentários do país. Greve geral reúne professores, maquinistas, farmacêuticos, funcionários de hospitais e outras classes de trabalhadores.
Os sindicatos pedem o cancelamento dos planos fiscais do governo anterior, mais gastos com serviços públicos, impostos mais altos para os ricos e a reversão de uma mudança impopular que obriga as pessoas a trabalharem mais para ter aposentadoria. Informações via CNN e UOL.
Emmanuel Macron e Sébastien Lecornu, primeiro-ministro recém nomeado, estão sob pressão do Parlamento francês graças aos prováveis cortes orçamentários e de investidores preocupados com o déficit (5,8% do PIB em 2024) e a dívida pública na economia do país (114%).
Paralelamente, todos os índices acionários franceses operavam em alta no início da tarde. O CAC 40, o mais importante da bolsa de Paris, tinha avanço de 0,87%, às 12h35 (horário de Brasília).
Origem dos protestos
A movimentação foi desencadeada pelo ex-primeiro ministro François Bayrou, que previa cortes de € 44 bilhões (cerca de R$ 276 na atual cotação) e a eliminação de dois feriados nacionais no plano orçamentário para 2026.
Após a proposta, o governo de Bayrou foi derrubado na semana e Sébastien Lecornu anunciou um novo plano. Nele, não foi incluída a supressão de feriados, mas os sindicatos decidiram por continuar com a mobilização, apoiada por 56% dos franceses, segundo levantamento do instituto Elabe.
A demanda dos protestos vem acompanhada por mais pedidos por “justiça fiscal”. Os Manifestantes também defendem a implementação da “taxa Zucman”, um imposto que consiste em tributar em 2% ao ano os patrimônios superiores a € 100 milhões (R$ 630 milhões)
Lecornu declarou estar “disposto” a trabalhar sobre “questões de justiça fiscal”. A medida defendida pela população francesa, contudo, tem a oposição dos aliados conservadores do primeiro-ministro, do setor empresarial e da extrema direita da França.
Sobre o governo Macron, os descontentamentos já são constantes. Os protestos contra a gestão ocorrem desde os “coletes amarelos”, em 2018, devido ao aumento no preço dos combustíveis. Já em 2023, mais de um milhão de pessoas saíram às ruas contra o aumento da idade de aposentadora de 62 anos para 64, imposta por decreto mesmo com a rejeição da população e dos sindicatos, e sem maioria no Parlamento.
Protestos durante o dia
De acordo com o UOL, com notícias da AFP, às 11h no horário de Brasília (16h no horário local), ao menos 141 manifestantes haviam sido presos em diferentes cidades do país. Desses, 21 foram detidos em Paris e 75 continuam presos.
Fora da capital, cerca de 280 mil pessoas participaram dos protestos. A mobilização com até 900 mil participantes foi cinco vezes maior que nos protestos de 10 de setembro e níveis semelhantes nas manifestações contra a reforma da Previdência em 2023.
As autoridades mobilizaram 80 mil policiais e gendarmes para evitar bloqueios.
Os serviços de trens regionais e transporte público foram limitados ou paralisados nas primeiras horas do dia, bem como escolas e farmácias.