
Nos últimos anos, o mercado brasileiro amadureceu em torno de dois modelos de inovação: o venture capital, que injeta capital em negócios existentes com potencial de escala, e o venture building, que cria empresas do zero, compartilhando riscos e gestão com fundadores. Agora, um terceiro modelo desponta como resposta às demandas de corporações e investidores que buscam pragmatismo, velocidade e resultados mensuráveis: o venture service.
O grande diferencial está em inverter a lógica tradicional. Muitas empresas ainda tratam iniciativas de novos negócios como centros de custo: projetos dependentes do orçamento central, que acabam engavetados quando a pressão por resultados aumenta. O venture service nasce para reposicionar essa equação. Cada novo negócio é desenhado desde o início para ser um centro de resultado com governança própria, métricas de geração de caixa e potencial de spin-off quando faz sentido estratégico.
Esse modelo combina a lógica de criação de startups com a previsibilidade de contratos de serviços. Diferente de fundos, aceleradoras ou builders, funciona como um sócio prestador de serviço: entra no processo de ideação, constrói o negócio, estrutura a operação e, em muitos casos, segue operando até que a unidade esteja pronta para se sustentar de forma independente. Na prática, significa que empresas podem lançar novos negócios em ciclos curtos, com entregas definidas contratualmente, ROI mensurável e autonomia operacional desde o início.
Mais do que acelerar a criação de startups, o venture service permite que corporações comprem velocidade, disciplina de execução e governança. Isso evita que ideias fiquem presas em laboratórios de inovação, que consomem recursos mas não entregam resultado. Em vez disso, surgem unidades de negócio com P&L próprio, capazes de gerar caixa e se integrar de forma sinérgica ao ecossistema da empresa.
A força do modelo está em unir a disciplina operacional de uma startup com a previsibilidade contratual de um serviço. Cada contrato estabelece entregas claras: desenvolvimento de produto, arquitetura tecnológica escalável, validação de mercado, estruturação financeira e operação inicial. Assim, cada novo negócio já nasce com infraestrutura sólida, governança financeira e processos que permitem crescer sem comprometer a eficiência.
Esse movimento reflete a transformação do ecossistema. O próximo ciclo de inovação no Brasil será menos sobre laboratórios experimentais e mais sobre unidades enxutas, funcionais e rentáveis, que não competem com o core business, mas sim o ampliam. O venture service traduz essa virada ao criar negócios de alto impacto, sustentados por uma lógica de execução realista e totalmente conectada à estratégia corporativa.
O Brasil não precisa de mais ideias promissoras que nunca saem do papel. Precisa de negócios que funcionem, gerem caixa e fortaleçam as empresas no longo prazo. O venture service surge como esse caminho: transformar inovação em resultado tangível, com sinergia, governança e previsibilidade desde o primeiro dia.
Renan Georges é Fundador e CEO da Zavii Venture Builder