Alta prevista

Preço do café no supermercado pode subir até 15% nos próximos dias

Abic aponta retração de 5,41% nas vendas no Brasil de janeiro a agosto, mas prevê recuperação até o fim do ano

Café
Café / Foto: Freepik

O preço do café deve voltar a subir nos próximos dias, alertou a Abic (Associação Brasileira da Indústria do Café). A entidade estima que os valores repassados ao varejo fiquem entre 10% e 15% mais altos, devido ao encarecimento da matéria-prima.

Em entrevista coletiva na quarta-feira (24), em São Paulo, o presidente da Abic, Pavel Cardoso, afirmou que o reajuste já foi comunicado ao varejo no início deste mês.

“Como o varejo só foi às compras a partir do dia 15, acreditamos que, na próxima semana ou no início de outubro, os preços já estejam nas prateleiras”, disse.

Ele ponderou, no entanto, que a alta “não deve ser superior à média do ano”.

Retração no consumo

O aumento acumulado em 2025 pressionou o consumo interno. De janeiro a agosto, as vendas de café caíram 5,41% em relação ao mesmo período de 2024, passando de 10,11 milhões para 9,56 milhões de sacas.

O café solúvel foi o mais afetado, com avanço de até 50,59% nos preços.

Apesar da retração, a Abic acredita em recuperação no fechamento do ano. “Os dados de setembro indicam que ainda podemos ter boas notícias sobre o consumo em 2025”, projetou Cardoso.

Exportações sob incerteza

Outro fator que pesa sobre o setor são as sobretaxas aplicadas pelos EUA ao café brasileiro. Embora o país seja o maior fornecedor do grão ao mercado norte-americano, ainda não há clareza sobre a manutenção da tarifa de 10%.

Cardoso avaliou como positiva a possibilidade de uma reunião entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump na próxima semana.

“Isso mostra como o café e também o complexo de carnes são sensíveis à inflação americana”, disse.

Preços no mercado físico

Um levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) mostrou que, entre 15 e 22 de setembro, o café arábica tipo 6 recuou 10,2% em São Paulo, enquanto o robusta caiu 11,1%.

O movimento foi atribuído à expectativa de chuvas mais fortes nas regiões produtoras, à realização de lucros e à liquidação de posições na Bolsa de Nova York (ICE Futures), além da possibilidade de retirada das tarifas dos EUA.