
Vestindo terno, Nelson Wilians cruza um hangar ao lado de outro homem. A cena, divulgada em um vídeo em abril, mostra o advogado caminhando diante de um helicóptero verde dos Carabineros do Chile até alcançar a peça central da gravação: um Leonardo AW169, pintado de branco e azul, matrícula PS-DNW, avaliado em cerca de R$ 40 milhões.
Duas semanas atrás, o mesmo helicóptero se tornou símbolo de uma situação bem menos vistosa: foi apreendido pela PF (Polícia Federal) durante a Operação Sem Desconto, investigação que mira desvios bilionários contra aposentados e servidores do INSS.
O bem foi mencionado pela defesa de Wilians em uma petição ao STF (Supremo Tribunal Federal) apresentada logo após a apreensão.
No documento, que também inclui carros de luxo como Rolls-Royce, Ferrari e Bentley, os advogados solicitam o desbloqueio das contas do criminalista.
O argumento é de que apenas a aeronave, avaliada em R$ 41,4 milhões, já bastaria como eventual garantia, superando os R$ 28 milhões em operações financeiras sob suspeita. A decisão ficará a cargo do ministro André Mendonça, relator do processo no STF.
Transferência de propriedade
Um ponto curioso: no momento da apreensão, o helicóptero já não estava oficialmente no nome de Nelson Wilians. Em 16 de julho de 2025, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) registrou a “comunicação de venda” do AW169, transferido do escritório Nelson Wilians & Advogados Associados para a empresa ACW Participações e Investimentos Ltda.
Aberta em 2019 com capital social de apenas R$ 1 mil, a empresa pertence a Anne Caroline Wilians, esposa do advogado.
Defesa
À revista piauí, Wilians negou qualquer irregularidade.
“Jamais desviei um centavo. Todas as transações têm respaldo, origem legítima e documentação comprobatória. Isso será demonstrado de forma clara e inequívoca à Justiça”, afirmou.