ETFs são fundos de investimento negociados na bolsa de valores, semelhantes às ações. Eles acompanham um índice específico, como o Ibovespa. Dessa forma, permitem investir em diversas empresas ao mesmo tempo.
Um dos avanços mais recentes dos ETFs é a adição dos ETFs de criptoativos, que refletem o valor de criptomoedas, permitindo investir em criptoativos sem precisar comprar diretamente as criptomoedas. Um exemplo de ETF é o QBTC11, que segue o preço do Bitcoin.
Pensando na evolução dos fundos de índice, a B3 realizou, nos dias 15 e 16 de setembro, em São Paulo, a ETF Week. Evento que trouxe as principais inovações no mercado dos ETFs.
O BP Money esteve presente no evento e entrevistou Murilo Cortina, diretor de novos negócios da QR Asset Management. Ele tem mais de 7 anos de experiência em criptoativos e é especializado em tecnologia blockchain.
Veja a entrevista na integra
Os ETFs de cripto ganharam força nos últimos anos. Qual é o papel deles para democratizar o acesso a essa classe de ativos no Brasil?
Ganhou bastante relevância os ETFs, principalmente de 2024 para cá, quando teve jurisdições como os Estados Unidos trazendo ETFs de cripto, spot, que é algo que a gente já tinha desde 2021 aqui no Brasil. Acho que o aspecto mais importante do ETF é uma classe ativa de uma das mais seguras para custódia, e é um preço muito barato, são custos abaixo de 0,7 muitas vezes por ano. Então, você traz toda essa robustez de uma custódia profissional que antes só existia para grandes investidores e você passa agora definitivamente para um custodiante profissional, a um custo muito barato. Então eu acho que esse é o grande lance dos ETFs, a simplicidade.
Quais são as principais diferenças entre o mercado brasileiro e o internacional no desenvolvimento dos ETFs de cripto?
Acho que o Brasil foi muito cedo trazer esses ETFs. A gente trouxe ali, na QR Asset, o primeiro ETF de Solano do mundo. Então, o Brasil tem um papel preponderante nisso, nesse ambiente global em ETFs de cripto. Só que a gente também tem que ver ordens de grandeza de tamanho de mercado. Quando a gente compara o mercado brasileiro com o mercado norte-americano, é um mercado muito maior em tamanho, de fato. Então, o impacto que ele tem dentro de um mercado de criptoativos, é maior, mesmo a gente tendo esse pioneirismo, esse “tempero brasileiro” para soltar esse tipo de produtos em geral.
Você acredita que os ETFs podem substituir, para o investidor médio, a necessidade de comprar diretamente criptoativos?
Eu acho que substituir 100% integral, eu acho que não, por causa das próprias interfaces que cripto propõe, Mas eles estão cada vez mais se sofisticando. Então, por exemplo, a gente tem os ETFs de Ethereum, que é TH11, e o ETF de Solano, que é QSOL11. Antes, você só conseguia fazer processo de staking, que é você deixar os seus ativos e ele ter uma rentabilidade passiva, se você estivesse operando na própria blockchain. Agora, os ETFs já fazem isso pelos clientes. Então, acho que cada vez vão ganhar mais espaço nesse ambiente, mas também não acredito que seja um movimento que vai desqualificar ou substituir por completo o investimento em cripto. Acho que tem espaço para os dois.
Você acredita que os ETFs de cripto funcionem mais como um investimento a longo prazo de segurança para cripto?
Não, eu acho que não, porque o ETF te dá a abertura de você fazer aquele trade tático,
de você quando quer operar uma janela, ah, eu acredito agora que o movimento do Trump em relação às tarifas, vai ter um efeito no mercado de cripto. Você consegue entrar no ETF de uma forma muito simples e fácil para ter esse movimento tático. Sem contar que você tem ali os grandes formadores de mercado, que é quem movimenta os ETFs, eles têm a dinâmica por si só do produto. Mas os ETFs te dão essa liberdade Porque você pode tanto segurar ele a longo prazo ou a curto prazo.
O avanço da tokenização e das finanças descentralizadas podem abrir espaço para novos formatos de ETFs no futuro?
Com certeza. E a gente não só olha para isso, mas a gente vê o próprio regulador trazendo isso, trazendo cada vez mais possibilidades de você ter ETFs de cripto, ele também entendendo que cripto ativo é uma nova classe de ativo e abraçando isso de forma a oferecer cada vez mais disponibilidades para esse tipo de produto, tanto quanto a B3, a gente vê eles trazendo cada vez mais produtos, tem agora futuros, tem a disponibilidade dos staking em relação a ETFs, deixar ETFs como garantia. A gente tem que sempre lembrar que cripto é uma tecnologia nascente. Então a gente está vendo a implementação dessa tecnologia, a gente está acompanhando e participando dela quando a gente investe. E a partir disso a gente vai ter cada vez mais disponibilidade de ter produtos regulados e conseguir trazer isso para o investidor de uma forma muito mais segura.
Quais são os avanços que você enxerga entre ETFs e cripto nos próximos 3 a 5 anos, mercado futuro de fato?
Eu acho que, principalmente, é a parte de regulamentação. Eu acredito que cripto vai ter uma regulamentação cada vez mais clara, o que você pode e o que você não pode fazer nesse mercado dentro do ambiente regulado. E a partir de que você tem esse arcabouço definido, eu consigo chegar junto com o regulador, chegar junto com a B3, e começar a criar produtos cada vez mais bem desenhados nesse espectro. Se você quer fazer tal estratégia, se você quer trabalhar mais no ambiente de DeFi, a gente consegue ter mais clareza do nosso lado para propor esse tipo de produto para o investidor brasileiro.
Como é que você enxerga essa linearidade da junção entre os ETFs e cripto, principalmente?
Eu acho que ETF e cripto, ele teve um casamento inesperado, mas muito positivo. Quando a gente olha para o aspecto brasileiro, a gente vê os top 5 ETFs no Brasil hoje são ETFs de cripto. Então a gente vê essa facilidade que ele traz em relação à estrutura desse veículo, de ser um fundo disponível na bolsa, muito mais abrangente, com uma taxa muito mais barata. E quando a gente olha em historicamente para cripto, de grandes movimentos que tiveram catástrofes, não é relacionado à custódia. Então, quando eu trago essa custódia muito mais profissional, dentro de um ambiente regulado, a gente vê esse casamento muito positivo entre essa estrutura simples de alocação.
Se pudesse dar um conselho para quem acompanha a ETF WEEK e pensa em investir em cripto por meio de ETFs, qual seria?
Acho que o principal conselho é invista. Se você acredita nesse mercado, se você entende que é um mercado em construção, que é uma tecnologia que tem o potencial de mudar a nossa sociedade como a gente acredita na QR, invista. Não precisa procurar o timing exato de mercado, porque a proposta do ETF não é essa. É você pensar em alocações, de tempos em tempos, você ir começando a construir uma posição desse mercado, não botar toda a sua moeda de uma vez só, é você ter, claro, uma distribuição de portfólio junto com o profissional, começar a investir aos poucos, entendendo como é que funciona esse tipo de investimento. que é um dos que a gente vê mais crescendo globalmente, né? E o Brasil não vai ser diferente.