Podcast 3 Irmãos

Haddad diz que alguns setores 'abusam' de recuperações judiciais

"Estamos estudando isso. Alguns casos estão chamando a atenção. Tem um ou dois setores da economia que estão inspirando um cuidado maior", acrescentou Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participa do programa "Bom Dia, Ministro". (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participa do programa "Bom Dia, Ministro". (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) afirmou neste sábado (27) que existe um “abuso” no uso da recuperação judicial da parte de alguns setores. O ministro também informou que o tema está sendo estudado pelo ministério. Informações da Reuters, via Investing.com.

Ao ser questionado sobre o grande número de empresas em recuperação judicial no Brasil, Haddad citou dois pontos: o alto nível da taxa de juros, que prejudica a rolagem das dívidas pelas empresas, e o próprio uso do instrumento de recuperação.

“Tem um abuso em usar a recuperação judicial”, disse Haddad durante entrevista ao podcast 3 Irmãos. “Estamos estudando isso. Alguns casos estão chamando a atenção. Tem um ou dois setores da economia que estão inspirando um cuidado maior”, acrescentou Haddad, sem detalhar a questão.

De acordo com a atual legislação, as empresas que entram em recuperação judicial ganham tempo para se reestruturar, com a suspensão de ações de cobrança por um período.

Sobre os juros, Haddad admitiu que a taxa básica Selic, hoje em 15% ao ano, está “exagerada”, mas acrescentou que é o BC (Banco Central) que trata da questão. “Tem gente no Brasil hoje, inclusive no mercado financeiro, que (diz que) chegou a hora de cortar. Tem gente que acha que não”, ponderou Haddad. “O debate é normal.”

Em outras declarações dadas durante o mês de setembro, Fernando Haddad disse que o Brasil tem observado uma reancoragem das expectativas do mercado para a inflação, o que vai abrir espaço para cortes nos próximos meses.

Durante a entrevista para o podcast, Haddad afirmou ainda que o Brasil tem um déficit “crônico” nas contas públicas. Ao mesmo tempo, considerou “superficial” a ideia defendida por setores da esquerda de que basta tirar as travas dos gastos públicos para o país se desenvolver.

O minsitro também afirmou ser favorável a que o governo faça PPPs (parcerias público-privadas) e concessões, tema que costuma ser alvo de críticas. “Ideologicamente falando, eu não sou contra PPP e concessão. Dependendo da circunstância, ela se justifica”, afirmou.