À espera do IPCA

Agenda da semana: inflação no Brasil, Fed em foco e crise nos EUA

A paralisação do governo norte-americano segue limitando a divulgação de dados econômicos

Agenda da semana: inflação no Brasil, Fed em foco e crise nos EUA

A segunda semana de outubro começa com os investidores atentos a Brasília, ao IBGE e ao Federal Reserve. Entre os dias 6 e 10, o mercado deve acompanhar dados decisivos sobre a inflação no Brasil e os rumos da política monetária nos EUA, em meio à paralisação parcial do governo norte-americano, que segue sem solução.

Na quinta-feira (9), o IBGE divulga o IPCA de setembro, principal termômetro da inflação ao consumidor. A expectativa é de aceleração, já que o chamado “bônus de Itaipu”, que reduziu as tarifas de energia, deixou de vigorar. Para os analistas, mais do que o índice cheio, os núcleos de inflação de serviços serão o ponto central, pois continuam rodando acima da banda de tolerância da meta.

No dia seguinte, sai o IPP de agosto, índice que mede a inflação ao produtor, com projeções de fim do ciclo de deflação. Antes disso, a semana terá outros dados relevantes: a balança comercial de setembro (6), o IGP-DI de setembro (7) e a atualização das expectativas do boletim Focus, incluindo a projeção de inflação para 2027, referência usada pelo Banco Central para calibrar a Selic.

Lá fora, os olhares se voltam para a ata da última reunião do Fed, na quarta-feira (8). Será a primeira oportunidade de o mercado avaliar, em detalhe, a posição do novo diretor Stephen Miran, que defende cortes mais agressivos de juros — 0,5 ponto percentual por reunião. “Miran tem uma visão distinta da maioria do colegiado e isso pode aumentar o debate interno”, avaliou Leandro Manzoni, analista de economia do Investing.com.

No dia seguinte, Jerome Powell participa de evento público, em meio a sinais de que a autoridade monetária não pretende acelerar o ciclo de afrouxamento. Segundo especialistas, será comum ouvir diretores do Fed falarem em “política monetária moderadamente restritiva”, já que os riscos sobre inflação e emprego continuam elevados.

Enquanto isso, a paralisação do governo norte-americano segue limitando a divulgação de dados econômicos. O payroll de setembro, que deveria ter saído na última sexta-feira (3), continua suspenso. Caso haja acordo no Congresso, a publicação pode ocorrer nos próximos dias.

O que ficou para trás

A semana que terminou foi marcada por turbulência nos mercados internacionais e locais. Nos EUA, a manutenção do shutdown já afeta milhares de servidores e adiciona riscos fiscais a um orçamento que prevê déficit superior a US$ 1,7 trilhão. O impasse político reforçou a aversão ao risco, em um ambiente de inflação ainda pressionada — o núcleo do PCE permanece acima de 3%, distante da meta de 2%.

Esse cenário manteve os rendimentos dos Treasuries de 10 anos próximos de 4,6% e deu fôlego ao dólar, que avançou frente a moedas emergentes. O S&P 500 acumulou queda de cerca de 1,3% na semana.

No Brasil, o Ibovespa recuou quase 2%, encerrando em torno de 144.200 pontos, pressionado por bancos, commodities e pela saída líquida de R$ 4,5 bilhões em capital estrangeiro.

O dólar subiu para R$ 5,33, acompanhando o fortalecimento global da moeda norte-americana. A curva de juros futuros também refletiu maior prêmio de risco, com o DI 2027 rondando 11,5% ao ano.

Em Brasília, a aprovação do projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda movimentou o Congresso, num cenário já influenciado pela disputa eleitoral de 2026. Por outro lado, medidas-chave sofreram atrasos: a votação da LDO de 2026 foi adiada e a MP que trata da tributação de aplicações financeiras e ativos virtuais corre risco de caducar.

Na bolsa, o destaque negativo foi a Ambipar, cujas ações despencaram mais de 60% após uma série de problemas financeiros. Já a Petrobras seguiu pressionada pelo recuo de quase 12% no petróleo no ano, além de riscos regulatórios. Em sentido oposto, a Cogna brilhou, acumulando valorização superior a 200% em 2025.

Agenda Econômica – 6 a 10 de outubro de 2025

DataPaísEvento
06/10BrasilBoletim Focus
06/10BrasilBalança Comercial (Setembro)
06/10Zona do EuroDiscurso de Christine Lagarde (BCE)
06/10Reino UnidoDiscurso de Andrew Bailey (BoE)
07/10BrasilIGP-DI (Setembro)
07/10BrasilProdução e Vendas de Veículos (Setembro)
07/10EUABalança Comercial (Agosto)
07/10EUADiscursos de dirigentes do Fed (Bostic, Bowman, Miran, Kashkari)
08/10EUAAtas da última reunião do Fed
08/10BrasilFluxo Cambial Estrangeiro
09/10BrasilIPCA (Setembro)
09/10EUADiscurso de Jerome Powell (Fed)
09/10Zona do EuroAtas do BCE
10/10BrasilIPP (Agosto)
10/10EUAConfiança do Consumidor Michigan (Outubro – Prévia)
10/10EUABalanço Orçamentário Federal (Setembro)