
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos EUA, Donald Trump, tiveram nesta segunda-feira (6) uma videoconferência descrita pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como “muito positiva do ponto de vista econômico”.
A reunião ocorre após a imposição de tarifas de 50% pelos EUA sobre produtos brasileiros, que atingiram setores como máquinas, calçados, carnes e frutas.
O encontro contou com a presença de Haddad, do vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, do chanceler Mauro Vieira e do ministro da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira.
Segundo Haddad, a conversa marcou a primeira tentativa formal de distensão diplomática entre os dois países desde o anúncio do chamado “tarifaço”.
O foco da videoconferência foi buscar uma saída negociada para o aumento das tarifas e garantir um comércio bilateral aberto e equilibrado. Lula reforçou que o Brasil não aceitará imposições unilaterais.
Desde julho, avanços nas negociações comerciais vinham sendo condicionados pelo governo norte-americano ao arquivamento do processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado pelo Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe de Estado. Além disso, sanções foram aplicadas a cidadãos brasileiros, incluindo o ministro Alexandre de Moraes e sua esposa, aumentando o mal-estar diplomático.
Fontes do governo afirmam que a conversa foi cordial e há expectativa de um encontro presencial entre Lula e Trump ainda este mês, durante uma reunião internacional na Malásia. O Palácio do Planalto deve divulgar nas próximas horas uma nota oficial detalhando os temas e o tom da conversa.
A equipe econômica brasileira considera a retomada do diálogo um passo importante para reduzir incertezas sobre exportações e proteger a competitividade da indústria nacional.
Tentativa de reaproximação
De acordo com fontes do Ministério das Relações Exteriores, as negociações começaram ainda antes do gesto de aproximação feito por Trump durante a Assembleia Geral da ONU, em setembro, em Nova York.
Segundo nota oficial do Palácio do Planalto, Lula recebeu a ligação de Trump em tom amistoso. Os líderes conversaram por cerca de 30 minutos e relembraram a “boa química” demonstrada durante o encontro na ONU.
A nota destaca ainda que o presidente brasileiro usou a oportunidade para defender a retomada das relações amistosas entre os países e solicitou a retirada da sobretaxa de 40% imposta a produtos nacionais, além de outras medidas restritivas ao comércio bilateral.
Ao final da conversa, os presidentes trocaram contatos diretos, com o objetivo de manter uma linha aberta de comunicação entre os dois governos.
Para dar continuidade às negociações, Trump designou o secretário de Estado, Marco Rubio, como interlocutor. Do lado brasileiro, a interlocução ficará a cargo do vice-presidente Geraldo Alckmin, do chanceler Mauro Vieira e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Possível encontro presencial
A videoconferência também serviu como preparação para um possível encontro presencial entre os presidentes ainda neste mês, durante uma reunião internacional prevista para ocorrer na Malásia.
O Planalto deve divulgar uma nova nota nas próximas horas, com detalhes sobre os temas abordados e o tom da conversa entre os chefes de Estado.
Após a videoconferência, o ministro Fernando Haddad declarou, em entrevista à GloboNews, que a conversa foi “positiva do ponto de vista econômico”.
Impacto no mercado
A sinalização de diálogo entre Brasil e Estados Unidos é vista como um alívio temporário pelos mercados, que temem efeitos em cadeia nas exportações nacionais.
O “tarifaço” anunciado por Trump atinge diretamente setores como aço, etanol e agronegócio, pilares da economia brasileira. Um eventual acordo entre os dois governos pode reduzir pressões sobre o câmbio e estimular a recuperação parcial das ações de exportadoras listadas na Bolsa.