
Nesta segunda-feira (6), houve uma assembleia administrativa que elegeu um novo conselho do GPA, Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), que marcou uma mudança histórica na administração da companhia. A família mineira Coelho Diniz desbancou o grupo varejista francês, Casino, e passou a ter a maioria no conselho. Essa é a primeira vez em cerca de 13 anos que o francês deixa de ter a maioria na administração da empresa.
A família Coelho Diniz emplacou três nomes ligados ao grupo, além de dois membros independentes que têm alinhamento com o grupo, formando assim um bloco de cinco dos nove votos.
André Diniz deve ficar como chairman (líder do conselho) e Edison Ticle como vice-líder.
Rafael Ferri, um dos acionistas e conselheiros mais ativistas, deixou o board, passando seus votos a Ticle que, somando boa parte do free float, foi o mais votado.
Além disso, também foram eleitos Gustavo Lobato, Leandro Assis e Luiz Henrique Alves.
A nova gestão quer revisar os custos atuais do GPA e o plano de investimentos da empresa, além de mexer na direção executiva e discutir um aumento de capital no curto prazo.
Casino acelera saída do GPA (PCAR3) e abandona garantias bilionárias
O grupo francês Casino está acelerando seu plano de retirada do mercado brasileiro. Isso porque, em um novo movimento, o conglomerado europeu anunciou ao GPA (Grupo Pão de Açúcar) que deixará de oferecer garantias em processos fiscais que somam R$ 2,6 bilhões.
A decisão marca mais um capítulo do desembarque estratégico do Casino, que começou em 2023, quando reclassificou sua participação no GPA como “ativo para venda”, em meio à sua recuperação judicial na França.
Agora, o grupo avança com o corte de vínculos financeiros, indicando que não pretende mais sustentar os riscos do negócio brasileiro.
Controvérsia fiscal bilionária expõe fragilidade do GPA
A bomba fiscal gira em torno de uma disputa com a Receita Federal, relacionada à dedução de ágio — um valor adicional pago em aquisições — em operações realizadas entre 2007 e 2013. As autoridades questionam a validade dessas deduções, o que pode obrigar o GPA a desembolsar bilhões em impostos atrasados.
Até então, o Casino atuava como fiador do GPA, prestando garantias que blindavam a varejista de eventuais perdas nos processos. Com a renúncia, o GPA agora precisa buscar nova fiança bilionária para se manter em dia com o fisco.
No último balanço, o GPA revelou que essas contingências fiscais representam mais da metade de seu passivo tributário total, estimado em R$ 4,8 bilhões.
GPA reage e promete medidas legais contra decisão do Casino
A resposta do GPA veio no mesmo comunicado ao mercado: o grupo afirmou que discorda da retirada das garantias e seguirá considerando os compromissos válidos, prometendo adotar “todas as medidas cabíveis” para proteger seus interesses.
A companhia também garantiu que parte dos processos já teve decisões favoráveis e que, por ora, não há impacto imediato na liquidez da empresa.