Foto: Pixabay
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O governo federal deve anunciar nesta sexta-feira (10) um novo modelo de crédito imobiliário com recursos da poupança, em uma medida que pode injetar ao menos R$ 20 bilhões na economia de forma imediata, com possibilidade de alcançar até R$ 37,5 bilhões.

A proposta foi desenvolvida pelo Banco Central em parceria com os ministérios das Cidades, da Fazenda e com apoio da Caixa Econômica Federal, principal agente no crédito habitacional do país. A iniciativa acontece às vésperas das eleições municipais de 2026 e marca um movimento do governo Lula em direção ao incentivo ao crédito e ao consumo.

Nova dinâmica libera compulsório para crédito livre

O novo modelo altera a lógica atual do uso dos recursos da caderneta de poupança, permitindo que, para cada R$ 1 concedido em financiamento habitacional, os bancos tenham acesso ao mesmo valor para aplicação livre por até 5 anos. Ao fim desse período, será necessário liberar novo crédito imobiliário para manter o benefício.

Durante a fase de teste, que vai até o final de 2026, os bancos poderão usar até 5 pontos percentuais do compulsório – atualmente retido pelo BC – para aplicar na nova sistemática. Na prática, o compulsório obrigatório sobre a poupança cairia de 20% para 15% para as instituições que aderirem ao modelo.

Modelo pode dobrar oferta de crédito imobiliário até 2027

A mudança poderá elevar o volume de crédito imobiliário dos atuais R$ 90 bilhões para cerca de R$ 200 bilhões em dois anos, caso o modelo seja plenamente implementado em 2027, como planeja a equipe econômica.

Hoje, 65% dos recursos da poupança são destinados obrigatoriamente ao crédito habitacional; 20% ficam no BC como compulsório, e 15% podem ser usados livremente pelos bancos. Com a nova regra, parte do compulsório seria destravada, desde que os bancos ampliem a concessão de financiamentos.

Do valor liberado, 80% deverá ser destinado ao Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que financia imóveis de até R$ 1,5 milhão e impõe um teto de juros de 12% + TR. Os 20% restantes poderão ser alocados no Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI), que tem regras mais flexíveis.

Crédito vai na contramão da política monetária

A medida, embora com potencial de estimular a economia, pode entrar em choque com o atual ciclo de aperto monetário do Banco Central. Com a Selic a 15% ao ano, o BC tem mantido uma postura conservadora para conter a inflação, o que já tem gerado críticas dentro do próprio governo.

O início da nova dinâmica depende apenas de resolução do BC e aprovação do Conselho Monetário Nacional (CMN), que deve realizar uma reunião extraordinária ainda nesta semana para aprovar o modelo e iniciar os testes imediatamente.