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A inadimplência também renovou recorde e atingiu 30,5% no mês passado, o que aponta um quadro de crescente fragilidade financeira. (Foto: Alex Barcley/Pixabay)

A Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor) revelou que 13% das famílias brasileiras declararam não ter condições de pagar as suas dívidas. Esse é o maior percentual de endividamento da série histórica, iniciada em 2010.

A inadimplência também renovou recorde e atingiu 30,5% no mês passado, o que aponta um quadro de crescente fragilidade financeira. Pesquisa realizada pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) foi divulgada nesta quarta-feira (8).

“Esses dados, combinados a um menor crescimento da projeção de vendas para o Dia das Crianças, por exemplo, justificam a preocupação da CNC com as famílias inadimplentes e com as altas taxas de juros praticadas ao longo de 2025 no Brasil”, avalia o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.

De acordo com a CNC, essa é a primeira vez desde outubro de 2022 que o percentual geral de famílias endividadas chega a 79,2%. O cenário é complementado por um elevado comprometimento da renda: 18,8% dos consumidores têm mais da metade dos rendimentos comprometidos com dívidas.

A CNC projeta que o quadro permanecerá crítico até o fim de 2025: famílias mais endividadas (+3,3 pontos percentuais) e mais inadimplentes (+1,7 ponto percentual) em comparação aos números registrados no fim de 2024.

Quanto ao tempo de inadimplência, a pesquisa aponta que 48,7% das famílias que não pagam suas dívidas já estão nesta situação há mais de 90 dias, destacando o agravamento dos prazos de inadimplência e o efeito dos juros sobre o montante a ser pago

“Esses fatores corroboram que, mesmo com o lado positivo do endividamento considerado um aquecedor das vendas no comércio, a crescente inadimplência evidencia que o movimento é de frenagem desta dinâmica”, analisa Fabio Bentes, economista-chefe da CNC.

Analisando por faixa de renda, a CNC afirma que o resultado revela uma expansão do endividamento, principalmente, entre as famílias com até três salários mínimos (eram 81,1% em agosto, com aumento para 82% em setembro).

Paralelamente, mesmo com o avanço da inadimplência entre as famílias que somam mais do que dez salários (de 68,7% em agosto para 69,5% em setembro), as famílias com mais recursos financeiros seguem sendo as menos endividadas.