Foto: Unsplash / dólar
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O dólar fechou o pregão desta sexta-feira (10) com uma forte alta de 2,38%, cotado a R$ 5,50 – na máxima do dia, a moeda chegou a bater os R$ 5,51. A reação aconteceu após novas ameaças de tarifas por parte de Donald Trump, presidente dos EUA.

No exterior, o dólar registrava perdas ante a maior parte das demais divisas, incluindo o iene e o euro, moedas que nos últimos dias foram pressionadas pela turbulências políticas no Japão e na França.

Bruno Yamashita, analista de Alocação e Inteligência da Avenue, disse que a reação da moeda americana acontece devido à aversão ao risco dos investidores. “Vemos um movimento global de aversão ao risco com o dólar se valorizando. Ela [a aversão ao risco] acontece tanto na Europa quanto no Japão, além das falas de Trump acerca da imposição de novas tarifas à China que também aumentou a percepção do mercado”, disse.

Ainda que não haja novas medidas, os investidores seguem preocupados sobre o tratamento do governo Lula acerca do equilíbrio fiscal e a gestão das contas públicas.

Ibovespa fecha em queda com crise entre EUA e China; dólar sobe

Ibovespa fechou a semana em mais uma sessão em queda. O principal índice acionário brasileiro encerrou o pregão desta sexta-feira com uma baixa de 0,73%, aos 140.680 pontos. As recentes ameaças de novas tarifas China por parte do presidente Trump tomaram o foco dos investidores.

A disputa entre os Estados Unidos e a China reacenderam após o presidente americano afirmar que deve elevar novamente as tarifas sobre exportações chinesas ao mercado do país devido ao controle da China sobre as terras raras.

A China impôs na última quinta-feira (9) novas regras para exportação de produtos que contenham mais de 0,1% de terras raras provenientes do país. Segundo o Ministério do Comércio do país será necessário que entidades estrangeiras obtenham licença tanto para exportar produtos das terras quanto para confeccionar utilizando tecnologia chinesa.

Os investidores também repercutem o fim da guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, que derrubou os preços do petróleo. Com o governo americano ainda em “shutdown”, Alison Correia, analista de investimentos e cofundador da Dom Investimentos, afirmou que há uma crise entre os poderes no país.

“Já é a oitava vez que os republicanos tentam aprovar um projeto e os democratas derrubam. De outro lado, o Trump não para de ameaçar falando que vai cortar permanentemente vários incentivos criados pelos democratas se eles continuarem”, disse.

No cenário doméstico, o Ibovespa ainda reflete a derrota sofrida pelo governo Lula após o arquivamento da Medida Provisória 1303 por parte do Congresso, com receio de o governo não conseguir equilibrar as contas públicas.

Alison questionou sobre o direcionamento para a arrecadação que o governo não está conseguindo fazer. “O dinheiro vai ter que sair de algum lugar. Enquanto isso, o governo está tomando medidas populistas falando em isenção para quem anda de ônibus. Quem é que vai pagar? São bilhões de despesas e custos, se isso for levado adiante”, completou.

Em relação ao câmbio, o dólar comercial fechou em forte alta de 2,38%, cotado a R$ 5,50, por conta das ameaças de Trump. Os investidores preferiram segurança a maiores riscos, causando a disparada da moeda americana – que atingiu uma valorização na semana de 3,17% perante o real.

O dólar oscilou entre R$ 5,370 e R$ 5,501. O gráfico DXY, índice do dólar nos EUA, fechou com queda de 0,44%, aos 98,666 pontos.