Foto: Thomas Breher/ Pixabay
Foto: Thomas Breher/ Pixabay

Existem muitos motivos para considerar investimentos fora do Brasil. Seja pelo tamanho dos mercados internacionais, pela possibilidade de investir em setores que não existem por aqui ou pela força de uma moeda com mais de 230 anos de história. Embora ainda não seja tão comum entre brasileiros, essa prática vem ganhando espaço e, em breve, será algo natural para quem busca proteger e evoluir seu patrimônio.

Neste artigo, vamos explorar alguns desses motivos que passam despercebidos no dia a dia, mas que mostram por que diversificar internacionalmente pode ser uma estratégia importante.

O tamanho dos mercados

O Brasil representa pouco mais de 2% do PIB mundial. No mercado de ações, essa participação cai para 0,9%, e na renda fixa, para 1,9%. Já os Estados Unidos concentram cerca de 25% do PIB global, 50% do mercado de ações e 40% da renda fixa.

Investir apenas no Brasil é como escolher uma ou duas prateleiras em um supermercado com 100 opções. Diversificar internacionalmente amplia o acesso a oportunidades que não existem localmente.

Investir fora é arriscado?

Ainda existe a ideia de que investir no exterior é mais arriscado. Isso se deve, em parte, ao que chamamos de Home Bias: a tendência de concentrar os investimentos no próprio país por parecer mais familiar e seguro.

Hoje, o brasileiro investe cerca de 97,5% do patrimônio localmente. Mas o Brasil também tem seus riscos. Para investidores estrangeiros, o risco de crédito do país é considerado maior do que o de nações como Chipre, Paraguai ou Cazaquistão. Ou seja, emprestar dinheiro ao governo brasileiro em dólares é visto como mais arriscado do que para esses países. Esse ponto de vista nem sempre é claro para quem investe apenas localmente.

E o câmbio? O dólar não varia muito?

Na verdade, quem varia é o real. Entre 1986 e 1994, o Brasil teve sete moedas diferentes. Enquanto isso, o dólar segue firme há mais de dois séculos. Desde a criação do real, ele já perdeu mais de 80% de valor frente ao dólar.

Existe uma frase conhecida no mercado: “dólar caro é aquele que você não tem”. Quando o dólar estava a R$ 3, parecia caro. A R$ 4, também. A R$ 5, idem. E assim por diante. Tentar acertar o melhor momento para comprar dólar é difícil. Nem os profissionais conseguem. Por isso, a estratégia mais eficiente é investir em dólar de forma periódica e equilibrada, o que chamamos de “dólar médio”.

Juros altos no Brasil resolvem?

Sim, os juros brasileiros são historicamente altos. Mas isso não significa que eles resolvem tudo. Entre 2015 e 2024, o CDI rendeu 142%. Parece muito, mas ao considerar o câmbio, esse retorno cai para apenas 4% em 10 anos.

Ou seja, mesmo com juros elevados, o retorno em um cenário global pode ser bem menor. A diversificação continua sendo a melhor forma de buscar equilíbrio, como dizem, é o único “almoço grátis” do mercado.

Meus gastos são em reais. Faz sentido investir em dólar?

Mesmo que a maior parte dos nossos gastos seja em reais, vivemos em um mundo dolarizado. Acordamos com o despertador do iPhone, usamos produtos da Colgate e Dove, pedimos Uber, trabalhamos em computadores Dell, pesquisamos no Google, usamos o ChatGPT e almoçamos no McDonald’s.

*Tomás Roque é Analista de Alocação e Inteligência da Avenue

Mesmo quem tenta consumir apenas marcas brasileiras acaba comprando produtos como café, carne e gasolina, todos cotados em dólar. Se já somos consumidores internacionais, por que continuar sendo investidores locais?

Referências

Princípios de sucesso para diversificação global | J.P. Morgan Asset Management

The $127 Trillion Global Stock Market in One Giant Chart

The $115 Trillion World Economy in One Chart

2025 SIFMA Capital Markets Fact Book

Credit Rating – Countries – List

Em 30 anos, real perdeu 83% do valor frente ao dólar

Disclaimers

Oferta de serviços intermediada por Avenue Securities DTVM. Avenue Securities Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários Ltda. (“Avenue Securities DTVM”) é uma distribuidora de valores mobiliários brasileiros, devidamente autorizada pelo Banco Central do Brasil (“BCB”) e pela comissão de Valores Mobiliários (“CVM”). Os saldos disponíveis em Reais são mantidos na Avenue Securities DTVM Ltda., uma instituição financeira regulada. Os fundos detidos pela Avenue Securities DTVM não são cobertos pelo FGC (Fundo Garantidor de Créditos). Veja todos os avisos importantes: https://avenue.us/termos/.

As informações fornecidas aqui são apenas para fins de informação geral e não devem ser consideradas uma recomendação individualizada ou aconselhamento de investimento. As estratégias de investimento mencionadas aqui podem não ser adequadas para todos. Cada investidor precisa analisar uma estratégia de investimento para sua situação particular antes de tomar qualquer decisão de investimento.

Tomás Roque

Colunista

Analista de Alocação e Inteligência na Avenue, formado em Economia pela UNESP, com extensão em Business na Tampere University (Finlândia) e certificações CGA, CGE e Series 99. Iniciou a carreira em FIDCs e depois atuou na área de Customer Experience da Avenue.

Analista de Alocação e Inteligência na Avenue, formado em Economia pela UNESP, com extensão em Business na Tampere University (Finlândia) e certificações CGA, CGE e Series 99. Iniciou a carreira em FIDCs e depois atuou na área de Customer Experience da Avenue.