Na 6ª semana de shutdown nos EUA, o período entre 11 e 16 de outubro foi marcado por movimentos voláteis nos mercados globais, saídas da Bolsa brasileira e os desdobramentos de conflitos comerciais. A China e os EUA seguem como protagonistas, com impactos diretos sobre investidores e commodities.
O presidente Donald Trump voltou a inflamar os mercados. Após tentar amenizar as tensões com a China no domingo (12), afirmando que “tudo vai ficar bem”, Trump reforçou na quarta-feira (15) que os dois países permanecem em guerra comercial. “Se não tivéssemos tarifas, seríamos considerados um nada. Não teríamos defesa. Sabe, eles usaram tarifas contra nós, mas nunca tivemos ninguém sentado naquela cadeira que sentisse a necessidade de fazê-lo”, disse durante coletiva no Salão Oval. As tarifas impostas somam mais de 100%, e a China respondeu com medidas retaliatórias sobre produtos norte-americanos.
Nos EUA, o shutdown segue pressionando a economia, com mais de 4 mil demissões registradas nesta semana. Paralelamente, o presidente do Fed, Jerome Powell, fez comentários considerados “dovish” na terça-feira (14), abrindo espaço para expectativas de cortes adicionais na taxa de juros ainda este ano. Segundo o Infomoney, essas falas impulsionaram a recuperação parcial das ações globais e enfraqueceram o dólar frente a moedas emergentes.
No Brasil, o radar econômico segue atento à política interna e à macroeconomia. A discussão sobre a isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil avança, enquanto o Banco Central reafirma cautela: a taxa de juros permanece em 15% até que os indicadores econômicos converjam para a meta de inflação, segundo Nilton David, diretor de política monetária. Além disso, o governo busca alternativas para recompor o orçamento após a derrota na reforma tributária de investimentos, avaliando medidas que dependem apenas da decisão presidencial.
Movimentos corporativos refletem a volatilidade global
No cenário corporativo, movimentos estratégicos ganham destaque: o BTG propôs fusão com o Banco Pan, enquanto Gol e Banco Pan manifestaram interesse em sair da Bolsa. A Nestlé anunciou mudanças significativas na gestão, incluindo o corte de 16 mil empregos. A Reag Investimentos concluiu a aquisição da participação de Mansur e assumiu o controle da empresa Arandu, e o Burger King entrou com pedido de recuperação judicial nos EUA.
O período reforça a importância de acompanhar simultaneamente decisões políticas, tensões comerciais e movimentos corporativos, já que cada um desses fatores impacta diretamente o mercado financeiro, a liquidez e o apetite ao risco dos investidores.
Na França, a instabilidade política se acentuou com a renúncia temporária do primeiro-ministro Sébastien Lecornu, que durou menos de um mês. Após semanas turbulentas, Lecornu foi reconduzido pelo presidente Emmanuel Macron e sobreviveu a dois votos de desconfiança na Assembleia Nacional, embora continue enfrentando pressão da esquerda sobre o orçamento do governo.