Vice-Presidente, Geraldo Alckmin, durante palestra no IV Encontro Anual - Centro de Gestão e Politicas Públicas, no INSPER. (Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil)
Vice-Presidente, Geraldo Alckmin, durante palestra no IV Encontro Anual - Centro de Gestão e Politicas Públicas, no INSPER. (Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil)

O vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, disse a empresários e representantes do setor de exportação de café que reverter as taxas sobre o produto são prioridade do governo e que as negociações com os EUA “avançam nos bastidores”. Informações via Veja Negócios.

Segundo Alckmin, o plano A do governo é convencer os norte-americanos a suspender temporariamente o tarifaço enquanto as conversas sobre um acordo comercial mais amplo continuam paralelamente.

O pedido foi formalizado na reunião entre o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio e o ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira, que aconteceu em Washington. Nos bastidores, os diplomatas envolvidos reconhecem que as chances de uma suspensão imediata são pequenas.

Com isso, o plano B do Brasil seria ampliar a lista de exceções, um instrumento já utilizado por Trump, que, ao atualizar o tarifaço em setembro, incluiu um anexo de 109 páginas com produtos potencialmente isentos por serem “recursos naturais indisponíveis” nos EUA. Brasília argumenta que o café se encaixa nessa categoria: é um bem agrícola essencial e de oferta praticamente inexistente em território americano.

A tarifa sobre o café já tem efeitos visíveis. De acordo com o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), os embarques para os EUA já caíram 52,8% em setembro em relação ao mesmo mês de 2024.

O país norte-americano é historicamente o segundo maior destino do café brasileiro, atrás apenas da Europa. O aumento de custos reduziu a competitividade do produto frente a cafés de origem colombiana e centro-americana, que não foram atingidos com a mesma intensidade.

“Há um otimismo moderado de que o diálogo traga resultados”, disse Marcos Matos, diretor-geral do Cecafé. “O governo tem demonstrado sensibilidade com o setor e disposição para defender a competitividade do café nacional.”

Cecafé: tarifas fazem exportações caírem 17,5% em agosto

café em agosto de 2025, volume que representa uma queda de 17,5% em comparação com o mesmo período do ano anterior. A receita cambial, no entanto, cresceu 12,7% no mesmo intervalo, atingindo US$ 1,1 bilhão. As informações são do relatório mensal do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), divulgado na terça-feira (9).

De acordo com Márcio Ferreira, presidente da entidade, a contração no volume embarcado já era esperada. O Brasil registrou exportações recordes do grão em 2024, mas a safra de 2025 teve menor potencial produtivo. Além disso, as tarifas de 50% implementadas pelos EUA — em vigor desde 6 de agosto — inviabilizaram grande parte dos embarques para o país, até então o maior importador do produto.

Reconfiguração do mercado:

  • Os EUA perderam a primeira posição para a Alemanha, caindo para o segundo lugar no ranking de importadores.
  • Foram importadas 301 mil sacas pelos EUA (resultado de negócios fechados antes das tarifas), com contração de 26% na comparação mensal e 46% na anual.
  • Alemanha importou 414 mil sacas no mesmo período.

Impacto nas cotações:

A reconfiguração comercial gerou volatilidade no mercado internacional do café. Entre 7 e 31 de agosto, o café arábica subiu 29,7% na Bolsa de Nova York, atingindo US$ 3,861 por libra-peso. Segundo a CNN, esse movimento explica parcialmente o aumento da receita cambial, mesmo com a queda no volume exportado.